Cerveja artesanal tem queda em participação de mercado no Brasil

Estimativas de diferentes instituições revelam queda da participação de cervejarias artesanais no mercado brasileiro

O ano de 2020 apresentou uma série de desafios devido a pandemia do coronavírus que atingiram em cheio o mercado de cerveja no Brasil e se perpetuam até hoje, só que numa fase diferente.

Publicações recentes tem estimado o impacto deste acontecimento sobre o nicho das cervejarias artesanais independentes, que compõe a maior parte do número de cervejarias do Brasil, mas é responsável por apenas por uma pequena parcela em volume do mercado de cerveja brasileiro que é o terceiro maior do mundo.

As cervejarias artesanais geralmente trabalham com uma diversidade menor de canais de distribuição, e algumas delas dependem, ou dependiam, quase que exclusivamente de canais que sofreram parcialmente ou foram inviabilizados durante a pandemia como, bares, restaurante e eventos.

Com isso, houve uma intensa reorganização dos meios pelos quais as cervejarias buscam chegar até o público, que de fato ainda está em curso com adequações e melhorias em virtude de uma rota de amadurecimento em relação aos atores do mercado que permanecem ativos.


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Durante esse período turbulento uma série de cervejarias artesanais e pontos de venda especializados acabaram por fechar as portas por não possuírem capacidade de resistência a fase desafiadora pela qual passa o mercado.

Em publicação de março do Valor Econômico, a CervBrasil, associação que congrega a gigante Grupo Petrópolis, mas também cervejarias de menor porte como Imperatriz Cervejaria, Cerveja Bendicta, Krug Bier, Cervejaria Lund, revelou que segundo seus dados estima que a cerveja artesanal brasileira perdeu 1% em volume de participação dentro do mercado total de cerveja no Brasil.

Em relação ao mercado total de cerveja, a entidade relata que houve um crescimento de 4% em volume com o avanço das grandes cervejarias Ambev, Heineken e Grupo Petrópolis.

Para a CervBrasil, a venda de cerveja artesanal em barris representa 25% do total de vendas para a categoria, um tipo de embalagem que foi duramente afetado, e os negócios sobreviventes tiveram de buscar vendas online e/ou espaço dentro de supermercados, canais onde a rentabilidade e o giro de vendas é bem menor para a maior parte das marcas.

O impacto ocorrido no Brasil tem suas semelhanças com o ocorrido com as cervejarias artesanais independentes nos Estados Unidos em 2020, um mercado maior e mais maduro, que sofreu sua primeira retração em volume comercial em 40 anos.

Em Minas Gerais houve queda de 33% no volume de produção de artesanais

Em Minas Gerais, estado com o terceiro maior número de cervejarias registradas no BRasil até 2019, as dificuldades da pandemia se somaram a crise ocorrida no início de 2020 com a cervejaria Backer que era a maior representante do estado na categoria, possuindo 44% em volume do mercado de artesanais mineiras.

De acordo com o Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Minas Gerais (Sindbebidas MG) a venda de cervejas artesanais teve queda em 50% em faturamento em 2020 em comparação com 2019 ficando em R$ 72 milhões. Já o volume de vendas caiu 33% para 14,5 milhões de litros.

Um fenômeno ocorrido em Minas Gerais, foi a busca de outras cervejarias em ocupar parcialmente o espaço deixado pela Backer.

Um dos destaques neste movimento foi a Krug Bier que se tornou a maior cervejaria artesanal do estado ampliando em 50% as suas vendas para redes de supermercados e também iniciando vendas através de comércio eletrônico próprio.

A Krug possui um projeto para atingir capacidade produtiva de 8 milhões de litros por ano até 2023. Parte desta empreitada corresponde a um investimento de R$ 3 milhões durante 2021 que já foi alvo de publicação na Catalisi recentemente.

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Sobre o autor

Felipe Freitas é engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação Tecnológica pela EQ/UFRJ e analista do mercado de cervejas.