Salva Craft Beer investe meio milhão em lúpulo próprio no RS

Cervejaria gaúcha Salva Craft Beer investe em plantação de lúpulo próprio com projeção de colher 4 toneladas

A cervejaria Salva Craft Beer de Bom Retiro do Sul (RS), adquiriu recentemente uma área na cidade vizinha de Paverama com o objetivo de desenvolver uma plantação de lúpulos para utilização própria.

A área adquirida fica localizada a 11 quilômetros da cervejaria e possui 12 hectares dos quais 3 inicialmente serão utilizados para a plantação de 9 mil plantas para dar início ao projeto.

Nesta primeira etapa, o projeto está em fase de preparação da área, com a agrimensura para demarcá-la de maneira correta. Após feito este processo, será realizada a troca da plantação atual que é destinada a eucaliptos e a instalação das estocas para o lúpulo. Também será executado todo o trabalho de recuperação do solo antes do plantio de lúpulo. A expectativa para o início da plantação é a primavera de 2022 e com a primeira colheita prevista para a safra 2022/23.

A expectativa é de que haja uma produção de quatro toneladas de lúpulo a serem utilizadas na produção das cervejas da marca. O investimento até o momento foi de aproximadamente R$ 500 mil.


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Para o cultivo de lúpulo é necessária a construção de um sistema de condução de treliças com seis metros de altura, onde as plantas crescem e produzem as flores, que se desenvolvem para os cones. Os cones são as flores femininas maduras e não fecundadas. Então, no momento de colheita derruba-se a planta e é feita a separação dos cones.

Durante o processo de preparação do terreno serão contratados diversos profissionais, temporários e efetivos, para auxílio na condução do projeto. Está prevista também a construção de uma zona de processamento de todo esse lúpulo produzido, com maquinário de colheita, secagem e beneficiamento.

Produção de lúpulo próprio dá maior controle a Salva Craft Beer

Inicialmente, serão plantadas variedades de lúpulo que já estão dando certo na propriedade dos produtores parceiros da Salva – como são os casos da East Kent Golding, Centennial, Cascade e Hallertau Magnum. Além disso, a empresa pretende ter uma área dentro da propriedade voltada a testes de todas as variedades já legalizadas no Brasil.

Certamente a produção própria, se implementada com sucesso e com a escala necessária oferecerá vantagens para a Salva Craft Beer do ponto de vista de suprimento dentro da qualidade e perfil necessário a sua produção, além de permitir a produção de cervejas especiais sazonais com a utilização de lúppulo fresco, o que oferece um grande potencial a ser capitalizado pela marca.

A cervejaria deu o nome de Salva Hops para seu programa de plantio de lúpulo. A cervejaria já realizou lançamentos com lúpulos frescos de colheita em 2019 e 2020 através de parcerias com plantadores locais.

“A ideia é plantar o principal insumo da cerveja para que tenhamos um aquecimento do mercado local, a oportunidade de um produto com qualidade certificada e que respeita toda a cadeia produtiva, gerar demanda pra agricultura familiar, para a rede de vizinhos se tornarem um grande hub de lúpulo fresco e oferecer um produto de alta qualidade com o menor preço possível.” declara a cervejaria sobre o projeto de plantio em seu site.

Em 2018 a Salva anunciou um investimento de R$ 8 milhões para iniciar um projeto que possuía a meta de levar a sua fábrica a obter capacidade de produção de 1,5 milhão de litros de cerveja por mês.

A cervejaria, fundada em 2016, será uma das poucas cervejarias do país a contar com plantação própria de lúpulo e um dos parceiros produtores conta com uma das primeiras produções certificação orgânica do Brasil. A capacidade atual está em torno de 320 mil litros por mês e seus produtos são envasados tanto em latas, garrafas de vidro e barris.

O ritmo de investimentos no lúpulo brasileiro tem aumentado consideravelmente no últimos dois anos, incorporando microprodutores independentes, grandes cervejarias e também microcervejarias que têm buscado viabilizar uma produção própria.

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Sobre o autor

Felipe Freitas é engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação Tecnológica pela EQ/UFRJ e analista do mercado de cervejas.