O mercado de cerveja sem álcool tem se expandindo de forma acelerada no Brasil e vem se tornando um nicho cada vez mais relevante e disputado dentro do mercado brasileiro.
Um crescimento de mais de 400% nos últimos 6 anos demonstram a expansão de um perfil de consumo que tem sido alvo de diferentes marcas com abordagens variadas para desenvolver apelo para os consumidores.
Ao longo dos últimos seis anos, o Brasil reproduziu em termos de consumo uma tendência observada em mercados de cerveja mais maduros, apresentando um crescimento acelerado do segmento de cerveja sem álcool.
No ano de 2018 houve a venda de 133 milhões de litros de cerveja sem álcool no país, este volume deu um salto para cerca de 750 milhões de litros em 2024 de acordo com projeções da consultoria Euromonitor. A empresa projeta que o segmento chegará a 1,5 bilhão de litros em 2028.
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Apesar de ser uma pequena fração, representando 5% do mercado de cerveja atual do Brasil, a cerveja sem álcool chama atenção pelo rápido crescimento fazendo com que cervejarias busquem estratégias para se posicionar dentro das opções para um grupo de consumidores que tem procurado alternativas dentro deste segmento.
O crescimento em vendas no período de 2018 a 2024 equivale a 464% e a reconfiguração de mercado que ocorreu ao longo deste tempo reflete uma nova dinâmica que vem se instalando no segmento de cerveja sem álcool, apresentando estratégias de players que buscam ganhar um espaço dentro deste cenário.
O mercado de cerveja sem álcool conta com marcas dominantes que pertencem as gigantes do mercado brasileiro com destaque para Heineken 0.0 que chegou ao país em 2020 e de certa maneira ajudou a instaurar nacionalmente este novo momento da cerveja sem álcool.
Após 4 anos o Brasil já é um dos maiores mercados de consumo da Heineken 0.0 no mundo. O produto foi lançado originalmente em 2017 na Europa com o objetivo de ser um rótulo global da cervejaria holandesa.
A Ambev acompanhou a tendência e trouxe para o Brasil as marcas Budweiser Zero e Corona Cero em 2022 para angariar uma fatia dester mercado em expansão.
Essas marcas se somaram as já tradicionais existentes no Brasil agregando um fator um fator novo que é a combinação do mercado de cerveja sem álcool com os de cervejas premium que é uma categoria também em expansão no país.
Nisso marcas sofisticadas, com apelo internacional e cujo líquido é mais atraente do que o das cervejas sem álcool do passado graças a novas tecnologias, têm entregado produtos que atendem um perfil de consumidores mais atentos a saúde e bem estar que também está em crescimento no país.
Grandes multinacionais como Estrella Galicia também estão atentas ao fenômeno e tem investido na presença de seus rótulos Estrella Galicia 0,0 no país. De acordo com publicação recente de O Globo as vendas da versão zero da cervejaria espanhola representam 7% das vendas totais no Brasil
Para além do domínio das gigantes, um outro desdobramento dentro do mercado decerveja sem álcool tem sido a proliferação de marcas produzidas por microcervejarias na busca da formação de um nicho dentro do segmento.
Nesse contexto tem se destacado duas grandes dinâmicas: As marcas que são criadas como um segmento novo dentro do portfólio de cervejarias artesanais já existentes ou marcas independentes que focam exclusivamente na produção de cerveja sem álcool.
Comum a estas duas dinâmicas está a busca em oferecer uma variedade maior de estilos de cerveja para agregar valor ao produto que é bem mais caro do que o oferecido pelas gigantes em virtude da menor de escala. IPAs e sours têm sido os principais estilos de apostas destas cervejarias para além de lagers leves.
Entre as marcas independentes que focam exclusivamente na produção de cerveja sem álcool costuma haver uma ligação mais direta com o universo de práticas esportivas para estabelecer um vínculo com o chamado mercado de wellness que também tem se expandido no Brasil. A produção dessas marcas é terceirizada dentro de microcervejarias.
Esssa estratégia procura apresentar produtos em que a marca tenha maior afinidade com o perfil do consumidor, fazendo desse engajamento um diferencial para consolidar vendas e possibilitar a expansão do negócio.
A estratégia se assemelha com a utilizada pela cervejaria norte-americana Athletic Brewing que em alguns anos ascendeu para se tornar uma das maiores cervejarias artesanais dos Estados Unidos, produzindo exclusivamente cervejas sem álcool.
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Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.