Cerveja Therezópolis é comprada pela Coca-Cola FEMSA e Andina

cerveja therezopolis

Cerveja Therezópolis, da região serrana do Rio de Janeiro, é adquirida pelas engarrafadoras Coca-Cola FEMSA e Coca-Cola Andina

A Coca-Cola FEMSA e Coca Cola Andina, engarrafadoras responsáveis por mais da metade do volume comercializado da Coca-Cola no Brasil, anunciaram a compra da Cerveja Therezópolis que passará a integrar seu portfólio no país. O valor do negócio não foi revelado.

A aquisição visa preencher um espaço nos produtos das engarrafadoras da Coca-Cola destinado a cerveja que desde a disputa judicial para garantia do direito das engarrafadoras da Coca-Cola de distribuir marcas da Heineken no Brasil se encontrava incompleto.

Para as engarrafadoras da Coca-Cola as vendas com cerveja são estratégicas pois compõem uma parcela de produto complementar ao portfólio não-alcoólico da multinacional com potencial de entrada em grande parte dos pontos de venda onde já possuem relacionamento.

Desde 2017, quando adquiriu a Brasil Kirin, a Heineken terminou com o contrato de distribuição de seus produtos através do sistema Coca-Cola que ocorria no Brasil. Após uma disputa judicial, esse direito retornou para a Coca-Cola no início de 2021 de forma parcial apenas, sem os rótulos Heineken e Amstel.


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Com essa dificuldade de compor seu portfólio de cervejas no país as Coca-Cola FEMSA e Andina decidiram buscar uma marca de cerveja no Brasil que pudessem adquirir sem necessidade de envolvimento na etapa de produção, mas que pudessem comandar a distribuição.

Nisso, escolheram a Cerveja Therezópolis que já possui uma marca reconhecida por uma faixa grande do público devido sua presença em grandes redes do varejo e que ao mesmo tempo possui posicionamento de marca entre as cervejas premium e microcervejarias artesanais, parcela do segmento em rota de ascensão no mercado brasileiro.

A Cerveja Therezópolis foi fundada em 1912 por um descendente de dinamarqueses. A produção se estendeu até 1922 e depois foi retomada em 2006 por um descendente do empreendedor na cidade de mesmo no Rio de Janeiro. Em dezembro de 2020, a cervejaria representava 10% do faturamento do grupo Arbor que possui também no seu portfólio a Catuaba Selvagem e as bebida alcoólica mista Ousadia.

A Therezópolis possui em seu portfólio seis rótulos com diferentes estilos focando em garrafas de 500 ml na faixa de preço final a R$12,90. A Therezópolis produz também a cerveja Sul Americana, que provavelmente também está inclusa na aquisição da Coca-Cola. A Sul Americana possui um posicionamento inserido entre as cervejas premium e preço de R$ 7,90 por garrafa de 600 ml.

“Este acordo faz parte das suas estratégias de longo prazo para complementar o portfólio de cervejas no Brasil. A transação está sujeita às condições habituais de aprovações e deverá ser concluída durante o terceiro trimestre de 2021” declararam as Coca-Cola FEMSA e Andina em comunicado oficial sobre a transação.

Cerveja Therezópolis de ter sua presença e reconhecimento ampliados pela Coca-Cola

Um fato que chama atenção na aquisição da Cerveja Therezópolis pelas engarrafadoras FEMSA e Andina é que o negócio foi autorizado pela sede da Coca Cola nos Estados Unidos, sendo a primeira vez que a marca se liga diretamente ao mercado de cervejas, recentemente a empresa tem direcionado cada vez mais interesse ao ramo de bebidas alcoólicas.

As Coca-Cola Femsa e Andina possuem atuação no Brasil nos estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Goiás possuindo 43 centros de distribuição e com acesso a 395 mil pontos de venda.

Com esse poder de fogo de distribuição associado a maior capacidade de publicidade é esperado que a marca Therezópolis possa alavancar sua presença e reconhecimento a níveis mais elevados que os atuais, podendo competir em alguns locais com marcas pertencentes aos grandes grupos cervejeiros brasileiros.

É provável também que a Coca-Cola invista em capacidade de produção e diversificação de embalagens para que os produtos da Therezópolis possam se encaixar em um maior número de ocasiões de consumo, algo que no modelo atual ainda se encontra bastante restrito.

Com o negócio o mercado de cerveja brasileiro, que tem passado por um aumento de competitividade ano após ano, dá mais uma sinalização de que seguirá sua tendência de investimentos em produtos de maior valor agregado disponíveis para o grande público.

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Sobre o autor

Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.