O que esperar do mercado de cervejas no Brasil em 2019?

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Há alguns anos estagnado, é esperado pequeno aumento no volume total de cerveja produzida no Brasil com crescimento do PIB. Cervejas premium e artesanais continuarão crescendo sua fatia no setor e mercado de cerveja no Brasil aumentará em complexidade.

Terceiro maior produtor mundial, o Brasil tem experimentado uma estagnação do volume total de produção de cerveja há alguns anos na faixa de 13 bilhões de litros enquanto isso o número de cervejarias artesanais cresce percentualmente na faixa dos dois dígitos, mas ainda corresponde apenas a 1% ou 2% do mercado total.

Cenário Nacional do mercado de cerveja

O Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), associação que conta com cerca 80% da produção brasileira (Ambev e Heineken) espera um crescimento do volume de vendas de 5% para 2019, acompanhando o crescimento estimado de 2,5 % do PIB.

O crescimento em volume de vendas seria creditado principalmente ao aumento de consumo de parte da população que viu sua renda disponível cair ou mesmo enfrentou desemprego nos últimos anos, um dos fatores que contribuiu para a estagnação do volume de vendas.

Com aumento de empregos e retorno de crédito e renda, mesmo sob circunstâncias bastante restritas, seriam alavancadas condições de aquisição de bens de consumo, entre eles a cerveja.

Já a Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (ABRACERVA) espera um crescimento em vendas do segmento artesanal de 25% a 30%, mantendo o ritmo dos últimos anos.

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Microcervejarias e ciganos devem acelerar no nordeste e centro-oeste

Enquanto sul e sudeste viram nos últimos anos a oferta de cervejarias artesanais subir meteoricamente em relação ao crescimento da demanda, a região nordeste e centro-oeste parece ainda não ter atingido este equilíbrio.

Mesmo com marcas de destaque, Nordeste e Centro Oeste ainda tem espaço mais aberto para crescimento no mercado atual. Foto: Facebook Ekaut

Mesmo com algumas cervejarias de destaque, essas regiões ainda apresentam um público potencial curioso que ainda não foi totalmente satisfeito por produtores locais com capacidade de atendimento, havendo um bom espaço para marcas serem construídas.

Já no sul e sudeste com alguns estados apresentando oferta com crescimento acelerado a tendência é de saída de alguns players, principalmente ciganos com dificuldade de escoamento de produtos onde o ambiente esteja muito competitivo. Tentativas de associações e parcerias entre cervejarias para ganhos de escala poderão ocorrer para que se enfrente o mercado de forma mais racional.

Fábricas, Brewpubs, taprooms e ciganos.

Ciganos mais bem posicionados no mercado devem procurar avançar no sentido de se estabelecer na cadeia produtiva, mas ainda em número pequeno devido a restrição a crédito.

Brewpub da Cervejaria Everbrew em Santos

Taprooms têm se apresentado como uma saída de mais fácil alcance, mas brewpubs e até mesmo fábricas estão no horizonte de alguns deles.

Em especial o mercado de brewpubs deve começar gradativamente a formar um novo nicho dentro do mercado brasileiro, o das cervejarias que não buscam o mercado de prateleiras. A sua dinâmica na verdade é muito mais próxima ao mercado de restaurantes e bares com maior valor agregado.

Interesse de cervejarias internacionais no mercado de cerveja do Brasil

Com a desaceleração de grandes mercados de cerveja artesanal como o americano e de alguns países da Europa, os olhos de boa parte de cervejarias estrangeiras com apetite internacional podem se voltar para o Brasil.

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As americanas Stone e Brooklyn têm aumentado suas atividades no país. Algumas cervejarias históricas europeias também podem enxergar o Brasil como um interessante local de crescimento, desde que o crescimento econômico se mostre mais sólido.

Diversificação de produto em marcas já reconhecidas

Para cervejarias artesanais mais consolidadas a busca por diversificação de bebidas produzidas já teve início, tanto no sentido de outros alcoólicos quanto também dos não alcóolicos, de forma a explorar o valor já reconhecido da marca.

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O whiskey 3 Lobos e o gin Lebbos da Backer/Imagem: Gustavo André

Mercados como o whisky e pricipalmente o gin artesanais dão cada vez mais sinais que também encontrarão grande crescimento no Brasil, e algumas cervejarias têm se mostrado dispostas a incrementar seu portfólio com essas opções.

Já o mercado não-alcoólico, principalmente de bebidas de baixo açúcar, ainda não despertou grande interesse, mas ainda possuem potencial de se alavancarem por aqui.

Grandes cervejarias

Com a retomada econômica as grandes cervejarias devem receber aumento de volume nos segmentos de massa intermediários, onde a Ambev é melhor posicionada, com retorno de consumidores que migraram para as mais populares devido a recessão econômica.

No segmento premium a Heineken espera manter seu ritmo de crescimento, apresentado em 2018, sendo confrontada pela nova família Skol que tem grande apelo para o público.

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No segmento artesanal das grandes é esperada uma grande batalha por custo/benefício principalmente das marcas Cacildis (Grupo Petrópolis), Eisenbahn (Heineken) e Colorado (Ambev) que iniciaram cada uma dentro de seu posicionamento uma maior exposição de mídia de massa, estabelecendo contato cada vez mais forte com o grande público.

Merece destaque também o avanço destas marcas para utilização de latas que ainda é uma novidade para o grande público ao se abordar o segmento de cervejas de maior valor agregado. Ao longo do tempo essa estratégia deve quebrar a percepção do público geral de que cervejas de boa qualidade não combinam com produtos em lata.

Marcas internacionais do portfólio das grandes também devem ganhar mais relevância. A Goose Island deve se reforçar como carro-chefe das artesanais da Ambev importadas e algumas do portfólio Heineken podem chegar ao país também como a americana Lagunitas e a britânica Beavertown.

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Sobre o autor

Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.