Fora do mundo das grandes cervejarias ainda é difícil obter dados tanto de volume quanto financeiros sobre vendas no mercado brasileiro de cervejas, mas a partir de algumas revelações é possível verificar tendências de movimentos do consumidor.
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Em reportagem ao Valor Econômico, o presidente da Heineken no Brasil, Didier Debrosse, revelou que as vendas da cerveja Heineken aumentaram 40% em volume no ano de 2018, disputando a liderança do segmento premium em pé de igualdade com sua rival Budweiser da Ambev que no Brasil é vendida também posicionada neste mesmo segmento.
Considerando-se o preço de venda, a liderança seria da Heineken, uma vez que seu preço em geral é superior ao da Budweiser.
Segundo o presidente, o volume de vendas da Heineken só não foi maior porque toda capacidade de produção instalada no Brasil já estava sendo utilizada.
A Heineken chegou com sua produção oficialmente no Brasil em 2010 ao comprar a mexicana Femsa que à época possuía as marcas brasileiras Kaiser, Bavaria e Xingu. Em 2017 realizou um movimento de crescimento ao comprar por R$ 2,2 bilhões a Brasil Kirin, expandindo seu portfólio do segmento econômico até o artesanal e aumentando consideravelmente sua participação no mercado ao ultrapassar o Grupo Petrópolis (dono das marcas Itaipava, Petra e também agora Cacildis) segundo lugar nacional até então.
Com o volume total de consumo brasileiro de cerveja estagnado há alguns anos, a Heineken vê agora o seu produto principal, posicionado no segmento premium, crescer mesmo com a recessão econômica no país. Isso segue um movimento que tem sido mundial do público que possui renda disponível de trocar quantidade por qualidade no mercado de bebidas e em especial no de cervejas.
O crescimento de vendas da Heineken pode ser um bom sinal para o mercado artesanal
Posicionado num segmento superior ao da Heineken, no que tange ao preço de venda, o mercado de pequenas cervejarias artesanais no Brasil pode enxergar o aumento de volume do carro-chefe da multinacional holandesa como um bom sinal da disposição do público em dar saltos de consumo para níveis acima nos segmentos do mercado de cerveja.
É evidente que além de uma excelente bebida, as oportunidades estarão mais abertas para as cervejarias que desenvolverem excelentes produtos em relação a marca, disponibilidade e comunicação, de modo a engajar o público que se mostra disposto a arriscar um pouco mais de seu dinheiro na busca de produtos que entregam experiências mais ricas de acordo com a ocasião.
A tendência da chamada premiunização do mercado de cervejas que até 5 anos atrás era considerada restrita a países desenvolvidos, têm apresentado evidências cada vez mais robustas de consolidação em mercados emergentes como o brasileiro. A velocidade de expansão desse fenômeno depende fortemente de variáveis econômicas e culturais que necessitam ser desenvolvidas.