Imagem: Divulgação com edição de Catalisi
A Fumaçônica, cervejaria curitibana que se tornou referência na cena artesanal local pela identidade psicodélica e espírito experimental, se prepara para celebrar uma década de trajetória com um novo passo estratégico: a abertura de seu primeiro brewpub, um espaço que pretende unir cerveja, gastronomia, música e cultura sob o mesmo teto.
Com esse movimento, a marca não apenas amplia seu escopo físico, mas reposiciona sua operação para fortalecer o vínculo direto com o consumidor — assumindo que as dinâmicas tradicionais de distribuição precisam ser aliadas a venda direta para garantir a evolução do negócio.
Fundada há quase 10 anos, a Fumaçônica vem registrando crescimento consistente ano a ano, operando atualmente de forma cigana nas estruturas da Ignorus e da Joy Project Brewing, ambas em Curitiba. A produção atinge cerca de 6.000 litros por mês, segundo entrevista recente. O portfólio é distribuído primariamente na capital paranaense e no interior do estado, sendo que a marca já se posiciona na rota de microcervejarias que abastecem o mercado nacional.
A marca mantém na distribuição entre 120 e 150 clientes ativos, majoritariamente bares e empórios regionais, e também opera vendas via e-commerce com alcance nacional — embora esse canal ainda represente uma parcela reduzida do faturamento total.
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Com o amadurecimento do mercado de cervejas artesanais e o aumento da concorrência, a Fumaçônica enxerga um cenário que exige adaptação. “Os canais tradicionais estão sofrendo com margens apertadas e alta competitividade. Nosso foco agora é fortalecer os canais diretos com o consumidor, onde conseguimos controlar melhor a experiência, o branding e a fidelização”, destaca Mário Kleyna, sócio da Fumaçônica.
Essa visão estratégica se traduz na criação do novo brewpub da marca, que surge como resposta às transformações do mercado — um espaço de conexão direta com o público e de experimentação criativa.
O projeto é considerado o maior investimento da Fumaçônica até aqui. Embora os valores oficiais não tenham sido divulgados devido a contratos de confidencialidade entre os sócios, o aporte é descrito como “um investimento milionário”, representando o passo mais ambicioso da marca em seus quase dez anos de história.
Kleyna explica que a marca operará em formato híbrido, combinando a produção terceirizada — que sustenta a distribuição regional — com a produção própria voltada à operação local.
“Seguiremos num formato híbrido, aproveitando o melhor dos dois mundos. Manteremos as cervejas de linha no formato cigano, permitindo o crescimento do volume de produção. Em paralelo, o brewpub funcionará como um canal de experiência da marca e um poderoso laboratório para validação de novos rótulos”, afirma o sócio.
O brewpub ocupará um ponto que já abrigava um antigo guest beer bar em Curitiba, com estrutura pronta e equipamentos de alta qualidade — incluindo panelas de 300 litros e tanques de 600 litros.
O projeto arquitetônico apresenta uma estética industrial com toques tropicais e psicodélicos, refletindo a essência visual dos rótulos da marca. As cores vibrantes e o clima “good vibes” da identidade da Fumaçônica, estarão presentes no espaço.
A casa vai contar com as cervejas frescas produzidas ali mesmo, cozinha e programação cultural com muita música para criar um ambiente de encontro atraente para o público.
A expectativa é que o novo brewpub seja inaugurado oficialmente no início de novembro, com uma fase de soft opening programada até o final de outubro, com informações detalhadas no Instagram da cervejaria.
Curitiba será palco deste novo capítulo da marca, que se insere em um contexto de crescimento das microcervejarias locais — a capital paranaense faz parte da iniciativa Rota Cervejeira de Curitiba, que reúne 20 microcervejarias e situa o Estado entre os maiores polos cervejeiros do país, com mais de 170 unidades registradas em 2024 e produção estimada em 7,8 milhões de litros por ano.
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Sobre o autor

Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.