Ambev troca de presidente em meio a momento de grande competição

Ambev anunciou a troca de seu presidente apontando novos rumos em momento de grande competição no mercado de cerveja do Brasil

A Ambev, subsidiária brasileira da multinacional AB InBev, anunciou na última semana que trocará a presidência da Companhia, com a saída de Bernardo Paiva e entrada do cearense Jean Jereissati, que atualmente é o Diretor de Vendas e Marketing da empresa e assumirá as funções de CEO a partir de 1 de janeiro de 2020.

O anúncio se dá ao final de um ano de muita competição para a empresa no mercado nacional e de diversos desafios apontados para os próximos anos.

A Ambev opera em mais 15 países das Américas além do Brasil (Antigua, Argentina, Barbados, Bolívia, Canadá, Chile, Cuba, Dominica, Guatemala, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Republica Dominicana, Saint Vincent e Uruguai) e atua também na produção de diversas outras bebidas como energéticos, refrigerantes, chás e bebidas alcoólicas mistas, por exemplo.

Na perspectiva de sua holding AB InBev, que está presente em mais de 150 países, a Ambev tem um papel muito relevante pois o Brasil é o segundo maior mercado em vendas do conglomerado, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.


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Escolha do novo presidente mostra aposta da empresa em executivos da casa

O novo presidente da Ambev, Jean Jereissati, possui 19 anos dentro da empresa com vivência nas subsidiárias da China e Oceania da multinacional e uma história de sucesso no segmento premium, além de sua trajetória no Brasil.

É esperado que sua experiência contribua com o momento desafiante da empresa no Brasil, que tem como destaques em relação ao mercado de cerveja a busca de aumento da competitividade em segmentos de baixo custo que conta com muitas marcas regionais e a promoção de forma efetiva do aumento de vendas do seu diverso portfólio premium e artesanal que tem contado com grande crescimento da rival Heineken.

Nos últimos anos a Ambev tem aumentado seu faturamento, porém um dos seus grandes desafios tem sido um aumento em paralelo de seus custos, acarretando em menores margens num cenário de queda de volume de vendas, como relata publicação recente de Exame.

A crise econômica brasileira combinada com o novo momento competitivo do mercado de cerveja no país tem mostrado à empresa, que se mantém como líder em volume de vendas, uma realidade bastante diferente da década passada onde seu domínio ocorria de forma menos conturbada.


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Isto ocorreu exatamente pois as condições de mercado recentes esvaziaram o crescimento das marcas do seu portfólio intermediário (Brahma, Skol e Antarctica), onde a empresa tinha sua grande força.

Parte do público se refugiou em marcas de menor custo devido a recessão econômica e outra parte migrou para opções de maior valor agregado, por ainda possuir parte da renda preservada. Em comum aos dois segmentos, de baixo custo e premium, está a maior competitividade de seus rivais nesses ambientes.

Como medidas para promover avanços dentro das novas dinâmicas do mercado a Ambev tem buscado reforçar a variedade de opções em diversos segmentos de seu portfólio e promover mudanças em vários aspectos organizacionais, visando atrair novos talentos e principalmente valorizar uma cultura de inovação dentro da empresa.

O novo presidente da companhia terá a missão de conduzir os gigantes recursos que a empresa possui para enfrentar condições de um mercado com mudanças em ritmo acelerado e que não dá sinais de que irá se estabilizar tão cedo.

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Sobre o autor

Felipe Freitas é engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação Tecnológica pela EQ/UFRJ e analista do mercado de cervejas.