Ambev anuncia que abrirá sua fábrica da Bohemia para produção de ciganos

Em primeira ação do gênero no mundo uma empresa da gigante AB Inbev vai abrir espaço de suas instalações para cervejarias que terceirizam produção

A fábrica da cervejaria Bohemia, localizada em Petrópolis no estado do Rio de Janeiro, anunciou que está abrindo suas portas para a produção de cervejarias ciganas.

Em declaração ao blogo Siga O Copo do UOL, Marcelo Tucci, diretor de cervejarias artesanais da gigante cervejeira, destaca que não é um projeto pontual. “Outras cervejarias que demonstrarem interesse e nos procurarem serão recebidas e, a partir daí, analisamos o cenário e avaliamos qual melhor caminho para cada uma”.

A primeira cervejaria anunciada como participante deste modelo é a carioca O Motim qu vai produzir 6 mil litros de sua hoppy lager Hell de Janeiro nas instalações da Bohemia utilizando seus recursos de equipamentos, matéria-prima e controle de qualidade.

Leia também: 5 motivos para explicar porque cerveja artesanal não é uma moda passageira

Marcelo comenta que além da produção a ideia é fornecer canais de escoamento do produto como as unidades do bar do Urso, da cervejaria Colorado além de suporte da Ambev em participação de eventos.

“A ideia é oferecer para as cervejarias um ecossistema de benefícios, desde a receita até a torneira de chope, compartilhando conhecimento cervejeiro da forma mais ampla possível. Além da produção, queremos colaborar também na compra de embalagens, distribuição e, até mesmo, direcionar a participação em eventos importantes do mercado cervejeiro no Brasil e no mundo”, declara.

Leia também: “O segmento High End é o motor
principal do crescimento da nossa companhia” – AB Inbev sobre o segmento de cervejas especiais e artesanais

“Se trata de uma iniciativa da Cervejaria Ambev que, neste primeiro momento, escolheu a Bohemia para receber o projeto” declarou um profissional responsável pela comunicação da empresa.

Estratégia híbrida para o padrão AB Inbev no mercado artesanal

Acostumada a extensão de produtos próprios na direção do segmento premium como fez com a linha Skol, Brahma e Bohemia, além da aquisição de cervejarias pelo mundo como Goose Island nos EUA, Birra del Borgo na Italia e Colorado no Brasil (só como alguns de diversos exemplos) a AB Inbev dá um passo numa estratégia híbrida que parece adequada a velocidade incerta do crescimento do mercado brasileiro no segmento artesanal.

Esse estágio híbrido também mexe com o valor de independência que têm sido um dos pilares das associações de pequenas cervejarias espalhadas pelo mundo, e utilizado na busca de obtenção de vantagens competitivas para produções de menor escala junto a entidades governamentais por exemplo.

Fique online com nossas publicações. Curta nossa página no Facebook!

Sobre o autor

Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.