Cervejarias gaúchas sofreram impactos severos com as enchentes do RS

Imagem: 4Beer POA

Cervejarias do RS começam a ter dimensão dos prejuízos ocasionados por enchente. Recuperação do setor será longa mas dá seus primeiros passos.

As chuvas de maio no Rio Grande do Sul que provocaram enchentes sem precedentes no estado atingiram centenas de diferentes segmentos de forma muito profunda e isto incluiu também o setor cervejeiro.

O estado é o segundo maior em número de cervejarias do país com 285 fábricas distribuídas em 126 cidades, a imensa maioria delas micro ou pequenas cervejarias locais que foram responsáveis por impulsionar o movimento da cerveja artesanal brasileiro e irão precisar de ajuda por um grande período de tempo para se recuperar.

Com as enchentes o setor cervejeiro foi severamente impactado em toda a sua cadeia, sofrendo prejuízos altíssimos e de complexa recuperação.

Cervejarias perderam diversos tipos de equipamentos, insumos e produtos. Bares, lojas e restaurantes também sofreram perdas e estão fora de operação fazendo com que o segmento esteja em grande parte sem operar. Algumas empresas estão com queda de faturamento de mais de 90%.


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Os danos em vias rodoviárias também causaram obstáculos na cadeia ,iniviabilizando ou dificultando a chegada de insumos e o escoamento de produto, com consequente encarecimento dessas operações.

Todo este cenário acaba por impedir que as empresas gerem receita, ocasionando o agravamento da crise e acarretando em demissões, gerando assim perspectivas negativas para o setor cervejeiro da região.

Algumas cervejarias gaúchas tiveram perda total de seus ativos

Em levantamento inicial realizado pela Associação Gaúcha de Mirocervejarias (AGM) 15 cervejarias já anunciaram que tiveram perda total do seu empreendimento, enquanto 20 reportaram danos parciais aos seus negócios.

Importante ressaltar que como em diversos lugares a água ainda não baixou, muitos não conseguiram avaliar detalhadamente a extensão dos prejuízos, o que só deve cabar ocorrendo nas próximas semanas.

Há um grande temor que diversas cervejarias não consigam mais voltar a operar, dados os obstáculos que se seguirão na rota de recuperação.

Os bairros do Anchieta e o 4º Distrito, onde estão boa parte das cervejarias de Porto Alegre, dão uma boa amostra de como o setor cervejeiro foi afetado pelas tempestades.

Fermentadores derrubados, barris boiando e produtos perdidos foi um cenário comum nas publicações de redes sociais de dezenas de cervejarias afetadas pela enchente.

O movimento de recuperação do setor cervejeiro dá seus primeiros passos

Mesmo como o cenário difícil o movimento para início da recuperação do setor cervejeiro no Rio Grande do Sul tem dado seus primeiros passos com trabalhos em diferentes frentes.

O Governo Federal anunciou um pacote de medidas para que micro e pequenas empresas gaúchas afetadas pela enchente possam ter acesso a crédito, em um aporte de R$ 4,5 bilhões. Você pode ver detalhes clicando aqui.

Microcervejarias de outras cidades e estados não afetados pela crise estão oferecendo auxílio para que cervejarias impactadas possam tocar suas produções e vendas a partir de um outro local. Já existem iniciativas neste sentido vindas de Minas Gerais, Rio de Janeiro e do próprio Rio Grande do Sul.

As próprias cervejarias e outros negócios diretamente afetados iniciaram campanhas financeiras para que o público possa contribuir através de doações diretas ou também de crowdfunding, onde os participantes poderão receber recompensas num momento a frente.

Uma das cervejarias que conseguiu iniciar um projeto para buscar recuperação financeira foi a 4Beer. Com a fábrica seriamente danificada, a cervejaria está buscando clientes e conhecidos para que possam realizar empréstimos com pagamentos de juros e também oferecendo cashback em forma de produtos para compras antecipadas.

A rota de recuperação do setor cervejeiro do Rio Grande do Sul deverá levar bastante tempo assim, como toda a reconstrução social da região e necessitarão de apoio por um longo período.

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Sobre o autor

Felipe Freitas é engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação Tecnológica pela EQ/UFRJ e analista do mercado de cervejas.