O Ministério da Agricultura terá uma câmara setorial exclusiva para discutir os problemas do setor cervejeiro brasileiro, o terceiro maior do mundo, com mais de 1.000 empresas registradas e 14 bilhões de litros consumidos por ano. A ministra Tereza Cristina assinou nesta quinta-feira (3) a portaria instituindo a Câmara Setorial da Cerveja, que reunirá todas as entidades representantes do setor produtivo.
Até hoje, o Mapa tinha duas câmaras no setor de bebidas: a de Viticultura, Vinhos e Derivados e a da Cachaça. Ao todo, são 30 câmaras setoriais e cinco temáticas, abrangendo todos os setores da cadeia produtiva da agropecuária.
A câmara temática deverá ser instalada ainda na segunda quinzena de outubro, junto com a primeira reunião de trabalho do novo colegiado. O setor de cerveja representa cerca de 2% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, gera cerca de R$ 25 bilhões em impostos por ano, é responsável por 2,7 milhões de empregos e tem um faturamento da ordem de R$ 100 bilhões.
O propósito da câmara é que os problemas do setor sejam discutidos em conjunto por todas as entidades representantes dos produtores, inclusive a Associação Brasileira da Cerveja Artesanal (Abracerva). O número de cervejarias artesanais está em rápida expansão no Brasil.
Também farão parte da câmara a Associação Brasileira de Bebidas (Abrab), a Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CerveBrasil) e o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv). De acordo com o geógrafo Eduardo Marcusso, da Coordenação-Geral de Suporte Econômico do ministério, a criação do colegiado estava sendo planejada há dois anos. Segundo ele, a câmara terá o papel de promover o debate em pé de igualdade entre todos os players da indústria da cerveja, que reúne algumas das maiores empresas do país e também pequenas empresas de produção artesanal.
Leia mais: Infográfico: Brasil atinge a marca de 1.000 cervejarias
“Vamos produzir um debate em prol da cadeia como um todo”, disse Marcusso. “Desejamos que a câmara possa gerar importantes produtos para subsidiar ações de melhoria pelo Ministério e pelas entidades interessadas, promovendo ganhos para toda a sociedade”.
Cerveja artesanal
A Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva) comemorou a criação do grupo. De acordo com o site da instituição o presidente da Abracerva, Carlo Lapolli, comentou que há dois anos a entidade trabalha para que isso aconteça.
“O Brasil é o terceiro maior produtor de cervejas do mundo e viu, na última década, o número de fábricas artesanais e independentes quadruplicar. O potencial deste mercado é inquestionável e entendemos que, para crescermos ainda mais e impactarmos a sociedade, precisamos estar próximos do Governo Federal para o estabelecimento de políticas públicas que apoiem a competitividade do setor”, comenta.
Um dos objetivos da câmara será fomentar a revolução da cerveja artesanal no Brasil. Nos Estados Unidos, as cervejarias artesanais movimentam US$ 27 bilhões por ano. No Brasil, não há dados específicos sobre a economia das empresas artesanais, a não ser os dados do próprio Ministério a partir do registro formal de novas cervejarias.
Receba semanalmente o melhor conteúdo sobre o mercado de cerveja
Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.