A cervejaria dinamarquesa Mikkeller, está fazendo mudanças em sua organização. Indicando como razão os desafios de altas de custo experimentados pela indústria da cerveja artesanal em tempos recentes, a empresa está reformulando sua estratégia de atuação
Em publicação em seu próprio site a cervejaria comunicou o retorno de seu fundador a uma posição de comando da empresa e a saída de seu CEO, Kenneth Madsen, que foi contratado no final de 2020 o que deixou o fundador da Mikkeller com cargo relacionado estritamente ao setor criativo da cervejaria.
A Mikkeller foi fundada em 2006 pelo professor de física e matemática Mikkel Borg Bjergsø junto a um sócio. Mikkell possuía alguns anos de experiência como cervejeiro caseiro antes de começar suas cervejaria.
O modelo da Mikkeller inicialmente foi baseado exclusivamente em produção terceirizada, a chamada “produção cigana”, e se aproveitou do entusiasmo com novas cervejarias artesanais que construíam o início do hoje chamado nicho “high end” do segmento.
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A Mikkeller após pouco tempo iniciou um esforço de expansão internacional combinando bares próprios com distribuição no varejo de suas cervejas. A produção se mantém 90% de forma terceirizada numa cervejaria na Bélgica. Junto ela produção própria da Mikkeller passou a ser tocada com cervejarias em Londres, San Diego nos EUA e Copenhagen em sua terra natal.
Um dos países focos da expansão da Mikkeller passou a ser os Estados Unidos, bem como diferentes locais na Ásia, para além de seu trabalho já iniciado na Europa.
A Mikkeller recebeu no último ano uma série de denúncias de assédio no ambiente trabalho, que foram negadas pelo seu fundador considerando que não haveria nenhum tipo de tratamento a ser dado ao caso.
O agora ex-CEO Kenneth Madsen publicou uma nota dizendo que as opiniões de Mikkel não representavam o posicionamento da empresa, dado a seriedade demandada pelo caso. Após isso, o fundador da cervejaria pediu desculpas e se manteve longe dos holofotes do comando da cervejaria.
A cervejaria anunciou através de uma publicação em seu próprio site as modificações na estrutura de sua gestão no início de agosto.
Na postagem a cervejaria menciona que, como o resto da indústria de cerveja artesanal, sentiu as consequências do aumento dos preços das matérias-primas, aumento dos custos de frete e produção e uma pandemia de Covid que deixou sua marca no mercado global de cervejas artesanais.
“Tivemos discussões completas sobre o que fazer considerando a situação dentro do mercado de cerveja artesanal e concordamos que a expansão global para a qual Kenneth foi contratado não é realista de implementar. Portanto, concordamos mutuamente em nos separar. gostaria de agradecer muito a Kenneth por seus grandes esforços durante seu tempo na Mikkeller”, diz Ditte Lassen-Kahlke, Diretor Jurídico e Presidente do Conselho da Mikkeller.
Em vez de um CEO, a gestão diária da Mikkeller será supervisionada por um comitê executivo, composto por Martin Connie Pinborg (CFO e Diretor), Mikkel Bjergsø (Fundador e Diretor Criativo) e Ditte Lassen-Kahlke (Conselho Geral e Presidente do Conselho).
Embora a situação do mercado signifique que as prioridades de Mikkeller mudaram, as ambições do negócio permanecem inalteradas, de acordo com a empresa.
A nova administração comunicou uma nova estratégia se concentrará primeiro em melhorar os ganhos financeiros e fortalecer o trabalho com a marca e inovação. O negócio se concentrará menos na expansão no curto prazo, mas permanecerá ambicioso em termos de qualidade das cervejas e experiência em seus bares e restaurantes.
Os 48 bares e restaurantes da Mikkeller estão presentes em 18 países ao redor do mundo. Junto ao trabalho de exportação a cervejaria está presente em mais de 50 países.
A empresa mencionou em sua publicação que continuará a trabalhar para manter sua posição em seus mercados de foco, porém não especificou quais seriam eles.
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Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.