Câmara Setorial da Cadeia Produtiva Cervejeira foi oficialmente instalada em Brasília (DF), no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A partir de agora, o grupo – formado por instituições ligadas ao setor – terá como responsabilidade analisar o segmento, colaborar com a criação de políticas públicas e assessorar o Governo Federal em temas relacionados ao mercado.
Na instalação da câmara, a ministra da agricultura Tereza Cristina disse que, assim como pesquisa novas variedades de trigo, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) poderá desenvolver novas cultivares de lúpulo e cevada para diversificar a produção nacional de cerveja. “Vamos trabalhar para termos uma cadeia produtiva mais organizada e ativa no Brasil”, afirmou Tereza Cristina, acrescentando que o Mapa dará atenção especial aos pequenos cervejeiros.
“Precisamos agora consolidar os cervejeiros artesanais, as pequenas cervejarias, facilitando a vida deles. Vocês não são concorrentes, vocês são complementares”, disse a ministra. Nos Estados Unidos, as cervejarias artesanais movimentam US$ 27 bilhões por ano. No Brasil, não há dados específicos sobre a economia das empresas artesanais, a não ser os dados do próprio Ministério a partir do registro formal de novas fábricas.
A fundação da Câmara era uma questão antiga, incentivada pela Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva). Com a sua instalação, um passo importante foi dado para o mercado cervejeiro. “Esse canal de debate e diálogo permanente é essencial para o crescimento e fortalecimento do setor”, comenta Carlo Lapolli, presidente da Abracerva. Além dela, outras instituições compõem o grupo: Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe), associações que congregam as grandes cervejarias como Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil) e o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindcerv) e também a que representa os cervejeiros caseiros, a Associação de Cervejeiros Artesanais (Acerva Nacional).
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Para Lapolli, o objetivo da Câmara é lutar pelos interesses do segmento, buscando incentivos fiscais e melhores tributações para o mercado. “Este é só o começo de um trabalho intenso que queremos realizar. O primeiro passo foi dado, que possamos todos atuar em conjunto para transformar o cenário cervejeiro brasileiro”, encerra.
Os debates serão em torno dos seguintes aspectos: política agrícola, defesa agropecuária, estruturação e fomento da cadeia produtiva, pesquisa e inovação, mercados interno e externo e assuntos fundiários.
A agenda estratégica traz ações para o período de 2020 a 2025. Em política agrícola, as metas são a criação de seguro para produtores de cevada que abastecem o setor cervejeiro, implantação de crédito para plantação de cevada, maltarias, lúpulos e adjuntos cervejeiros dos pequenos empreendedores, além de recursos para instalação e ampliação de pequenas e médias cervejarias. Outro assunto é a criação de linhas de financiamento para a importação de máquinas, compra de insumos e estoques.
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A câmara prevê ainda discussões sobre a estrutura da cadeia, com o objetivo de elevar a produção e a competitividade. O desenvolvimento de insumos regionais está na pauta, a partir da integração da produção de malte em pequena escala (micromaltarias), produtores de lúpulo e de insumos do bioma brasileiro que possam ser utilizados como adjuntos na bebida (frutas, ervas).
Até hoje, o Mapa tinha duas câmaras no setor de bebidas: a de Viticultura, Vinhos e Derivados e a da Cachaça. Ao todo, são 30 câmaras setoriais e cinco temáticas, abrangendo todos os setores da cadeia produtiva da agropecuária.
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Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.