The Economist questiona sustentabilidade da estratégia tradicional da AB Inbev

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Publicação britânica alega que espaço para grandes aquisições da gigante da cerveja findaram e a competitividade aumentou

Na última sexta-feira (13/05) a publicação britânica The Economist divulgou artigo (traduzido pelo Estadão ontem) onde prevê dificuldades para o conglomerado e a necessidade de buscar uma estratégia diferente da que fez a companhia um caso de sucesso financeiro.

A empresa ainda possui a maior margem e maior volume de vendas do setor mundialmente, porém o sua estratégia de grandes aquisições somada a agressivas reduções de custo parece ter chegado ao limite.

A publicação pondera que a série de aquisições que se iniciaram em 1989 com a compra da Brahma e desde então ganharam o mundo provocando uma grande consolidação no mercado de cerveja ganharam um último capítulo com a compra da SAB Miller em 2016.

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O negócio de 100 bilhões de dólares realizado em 2016 custou caro a gigante pois sua capacidade de pagar a dívida decorrente ficou bastante comprometida com a estagnação do mercado de cerveja em países como os EUA e sofre com a depreciação cambial em mercados emergentes, onde o volume da empresa ainda cresce um pouco, porém menos do que anteriormente.

Um capítulo dramático desta saga foi o corte pela metade dos dividendos aos acionistas da empresa em outubro de 2018 como saída para estabilizar as contas da companhia e reduzir o endividamento relacionado à aquisição, o que levou as ações da empresa chegarem a uma queda de 10,4% em um dia.

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Nova estratégia para novos tempos

Dado os obstáculos financeiros e também dos órgãos regulatórios de defesa de concorrência realmente a fase de gigantescas aquisições globais da AB Inbev parece ter chegado ao fim.

A The Economist destaca que a gigante necessita desenvolver uma estratégia diferente da que a consagrou, pois a nova realidade do mercado mundial demanda isso.

A AB Inbev têm sido desafiada em regiões onde havia estabelecido confortáveis monopólios ou tinha duópolios confortáveis, analisa a publicação britânica.

Uma das estratégias que a empresa tem tentado é promover marcas locais no mercado original comuns como Budweiser nos EUA e a Stella Artois na Europa como marcas premium em mercados externos.

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Porém estas ações podem não surtir todo o efeito desejado com o campo que rivais têm tomado.

O crescimento apresentado pela Heineken em grandes mercados como Brasil e Colômbia e a chegada da mesma numa recente parceria na China com a maior cervejaria local, a China Resources, anunciam tempos de intensa competição.

Os próximos anos mostraram o quão eficientes serão os caminhos tomados pela empresa na tentativa de continuar reinando sobre um mercado que costumava dominar.

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Sobre o autor

Felipe Freitas é engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação Tecnológica pela EQ/UFRJ e analista do mercado de cervejas.