Bar tradicional de Belo Horizonte investe em sua própria microcervejaria

Foto: Divulgação

O tradicional Bar do Antônio, localizado da capital mineira, mostra como a combinação de regulação favorável com o potencial de microcervejarias, podem render novos modelos de negócio da cerveja.

Inaugurado em 1964, o bar do Antônio, localizado em Belo Horizonte, é um ponto tradicional da capital de Minas Gerais, oferecendo ao longo das décadas cerveja e comida de boteco ao público.

Recentemente, como destaca publicação do jornal mineiro O Tempo, o bar, que possui duas unidades, investiu em contruir a sua própria microcervejaria em uma delas;

A unidade de produção de cerveja do bar possui capacidade de 5 mil litros por mês e produzirá quatro estilos de cerveja fixos e um sazonal para abastecer as duas casas.

A produção de cerveja própria pelo bar tradicional mostra um caso interessante onde atrativos regulatórios, conhecimento de negócio e a nova cultura da cerveja no país se combinam para renovar um modelo de negócio.

Microproduções como a iniciada no bar do Antônio foram favorecidas em grande parte pela Lei Municipal 11.128 de 2018 que estimulou a criação de microcervejarias na capital ao permitir instalações de produção de cerveja fora do complexo industrial de Belo Horizonte.


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Com a medida, se tornou possível instalar microcervejarias, e em especial brewpubs, em áreas residenciais com menor burocracia, o que consequentemente leva a redução de tempo e custos de instalação, fomentando o crescimento da produção na área urbana da cidade.

Aliado ao incentivo regulatório, no caso do bar do Antônio, está a própria experiência do estabelecimento que opera dentro do segmentos de bares e restaurantes por um longo período de tempo.

O modelo de agregação de produção própria de cerveja a um ponto de vendas já estabelecido auxilia na adoção do novo produto pelo próprio público local, uma vez que seu ritual e cultura de consumo da bebida são pouco alterados.

A única mudança sensível é a inclusão de maior variedade de tipos de cervejas, o que leva a necessidade de aumento na complexidade de serviço.


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A grande diferença é que a partir da produção própria o bar passa a oferecer um produto local, fresco, de um pequeno produtor e com bom potencial de preço, mesmo com escala reduzida, devido a inexistência de etapas de distribuição e a isenção da substituição tributária, uma das vantagens de se vender direto ao consumidor final.

O caminho para popularização da microfabricação de cerveja no Brasil tem entre as suas possibilidades combinar a cultura tradicional de consumo da bebida no país com diversidade de estilos e pequenas produções para venda direta ao cliente, como ensina o bar do Antônio em BH.

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Sobre o autor

Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.