Alagoas está se consolidando como o primeiro estado do Nordeste a desenvolver produção comercial de lúpulo, uma realização pioneira impulsionada pela empresa Hop Is All e apoio da Embrapa.
O cultivo, iniciado em 2022 em União dos Palmares, já alcançou reconhecimento nacional e tem abastecido microcervejarias da região para produções especiais e sazonais.
A qualidade do insumo foi validada mais de uma vez na competição de referência nacional, Copa Brasileira de Lupulos: em 2023, o lúpulo alagoano conquistou duas medalhas de prata no evento; e em 2025 voltou a brilhar, com nova medalha de prata na categoria Nugget.
O resultado coloca o estado em evidência dentro de um mercado dominado por regiões de clima temperado.
Leia mais:
Livro sobre produção de lúpulo no Brasil é lançado pelo MAPA
Produção de lúpulo ganha linha de crédito de até 2,6 milhões via BNDES
O nascimento dessa cadeia produtiva tem contado com apoio fundamental da Embrapa Tabuleiros Costeiros, que atua em conjunto com universidades locais.
Pesquisas sobre manejo de pragas, adubação e técnicas de irrigação têm permitido que a planta se adapte ao clima tropical do Nordeste.
A Embrapa tem desempenhado un papel muito relevante na evolução do lúpulo brasileiro, a instituição, entre outras iniciativas, publicou o livro gratuito “Lúpulo no Brasil – do plantio ao copo”, referência para produtores que desejam compreender os desafios e oportunidades dessa cultura agrícola.
Os desafios da chamada tropicalização do lúpulo são expressivos: a planta, originalmente de regiões de clima frio, precisa se adaptar a altas temperaturas, longos períodos de insolação e regimes de chuva diferentes dos encontrados no Hemisfério Norte.
Outro entrave está na saúde da planta, já que pragas e doenças são mais recorrentes em ambientes tropicais.Para contornar esses obstáculos, produtores e pesquisadores têm investido em irrigação controlada, sombreamento parcial e uso de defensivos biológicos, além de selecionar variedades mais resistentes ao calor.
O mercado já começa a colher frutos desse avanço. Cervejarias como a Caatinga Rocks e a HopBros lançaram rótulos com lúpulo 100% alagoano, destacando frescor e identidade regional como atributos.
Além disso, testes em Pernambuco e Paraíba demonstraram receptividade positiva do público e reforçaram o potencial de expansão do cultivo para outras áreas do Nordeste.
O desempenho de Alagoas mostra como a combinação de ciência, empreendedorismo e inovação pode abrir novas fronteiras para o setor cervejeiro.
Receba semanalmente o melhor conteúdo sobre o mercado de cerveja
Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.