Cervejaria brasiliense Cruls investe R$ 7 milhões para se tornar destino para o público

Cervejaria Cruls, de Brasília, expande produção e investe para se tornar destino de experiências para o público em meio a natureza.

Há pouco mais de dois anos, após vivenciar experiências como cervejeiros caseiros e produzir um plano de de viabilidade financeira de cervejaria montado durante a graduação na Universidade de Brasília foi idealizada a Cruls, cervejaria de destaque no cenário brasiliense.

A marca foi concebida por três sócios: Rodrigo Braga, Pedro Capozzi e Filipe Gravia e passou recentemente por uma série de reformas na cervejaria visando ampliação da produção e início de adequações para se tornar um destino para o público.

O centro-oeste é uma fronteira que tem sido desbravada mais recentemente pelas microcervejarias e o exemplo da Cruls, cujo o nome é inspirado numa histórica expedição que mapeou no século XIX o local que viria a ser Brasília, aponta para a direção de um dos caminhos da cerveja artesanal no Brasil que é o de conciliar valores sustentáveis, inovação, foco no mercado local e conexão do público com a origem do produto.

Crescimento da Cruls confirma o potencial do mercado em Brasília

“Nós enxergávamos o mercado da cerveja no Distrito Federal com um excelente potencial de crescimento. Nós fazemos parte do começo do mercado na capital, então vimos o surgimento da cena em si como uma grande possibilidade”, declara um dos sócios da Cruls, Pedro Capozzi.

O grande potencial do mercado brasiliense que combinava poucos produtos locais com um público com disponibilidade de renda para o consumo é confirmado pelo impressionante crescimento recente da Cruls. Em apenas dois anos de existência, a cervejaria saltou de uma produção inicial de 3 mil litros para atuais 20 mil litros mensais.

“Nós crescemos muito em dois anos de cervejaria, bem mais do que estava planejado. Primeiro, saímos de 3 mil litros para 9 mil litros de capacidade por mês, depois de 10 para 20 mil litros. Logo, houve um crescimento de 300% na primeira virada, depois outro de 100%. Nossa projeção é terminar o ano de 2020 com 40 mil litros de capacidade por mês. Para isso, precisaremos de parcerias e de uma expansão regional, mas a ideia é essa. A meta é um crescimento de 36% ao ano até 2022”, comenta Pedro.

A expansão da Cruls está sendo suportada por um investimento que é estimado pelos sócios em R$ 7 milhões, conseguido em sua maior parte com investidores privados. Uma boa parcela deste capital foi empregada numa recente obra realizada na cervejaria que ocupa 20 mil m² de uma fazenda na cidade de Santa Maria, distante 30 km de Brasília.


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A reforma recente têm o objetivo de expandir a capacidade de produção da cervejaria e também tornar a fábrica um local adequado para receber público, agregando um espaço para experiência da marca, entretenimento e educação de consumidores.

“A nova fábrica, quando finalizada, contará com bar, restaurante, biergarten, espaço para crianças, tour guiado pelas unidade e jardins. Será uma experiência completa. É um projeto bastante robusto, moderno, com ótimas instalações e que será uma experiência interessante. Ir à Cruls será um programa para passar o dia inteiro”, acrescenta Pedro.

O portfólio da brasiliense conta com rótulos básicos como American Pale Ale e Belgian Blond, e outros com perfil mais experimental como uma Gose que leva alecrim e tomate da própria fazenda da fábrica, aproveitando o potencial local onde a Cruls pode ser considerada uma cervejaria rural. Os rótulos da cervejaria já alcançaram 19 prêmios incluindo medalhas na South Beer Cup, World Beer Awards e Copa Cerveja Brasil.

Cruls tem na sustentabilidade um de seus principais valores

A cervejaria investe em sustentabilidade como um dos principais valores da marca. Inserida num ambiente diretamente ligado a natureza a marca investe em práticas que visam minimizar impactos relacionados a sua operação, como a utilização de piso lajeado para evitar a compactação do solo e permitir a penetração de água no mesmo.


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“Todo o projeto da nova fábrica foi pensado a partir de considerações sustentáveis na execução. É uma das nossas principais bandeiras. Desde atitudes básicas, como a implantação de ecocopos nos nossos eventos e serviço, até a realização de laje suspensa na nova planta da fábrica, respeitando o solo e todo o ambiente do sítio onde estamos. São várias frentes e estamos constantemente buscando novas possibilidades de atuação em prol da sustentabilidade” destaca Pedro.

Os canais comerciais utilizados pela Cruls, além de lojas especializadas, desde o início foram focados na venda direta, principalmente em eventos. As vendas diretas receberão um natural reforço com o investimento na fábrica como destino para o público. Além disso, com a ampliação da produção a Cruls espera entrar em redes maiores no varejo.

“Em breve, com a linha de envase entrando em operação, também estaremos em supermercados com garrafas e latas, provavelmente. A meta é um crescimento de 36% ao ano até 2022”, declara Rodrigo sobre as expectativas comercias da cervejaria.

De um projeto nascido entre colegas universitários a elaboração de um destino para o público, a Cruls é uma ótima amostra de como planejamento aliado a oportunidade de mercado local está construindo um novo cenário para microcervejarias, onde a fabricação de cervejas recebe um valor agregado muito maior que apenas a produção do líquido.

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Sobre o autor

Felipe Freitas é engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação Tecnológica pela EQ/UFRJ e analista do mercado de cervejas.