Em uma ação movida no Tribunal de Justiça de São Paulo na terça-feira passada, conforme publicação do Valor Econômico, a Coca-Cola Brasil, a associação dos fabricantes brasileiros de Coca-Cola e 11 engarrafadoras pedem a anulação da compra da Brasil Kirin pela Bavaria, empresa também de propriedade da Heineken.
Os demandantes justificam sua alegação de que a Bavaria é uma empresa que existe apenas no papel para burlar os direitos de distribuição da Coca-Cola para as bebidas alcoólicas da Heineken até 2022, como garantido anteriormente em um contrato mútuo.
Quando a Bavaria, e respectivamente a Heineken adquiriu as antigas cervejarias Schincariol da japonesa Kirin Holdings por R$ 2,2 bilhões (US$ 706 milhões) em 2017, a cervejaria holandesa rompeu seu contrato existente com a Coca-Cola referente à distribuição de todos os produtos Heineken, como Heineken, Kaiser, Amstel, Bavaria, Xingu e Sol, produzidos pela Cervejaria Kaiser, empresa adquirida pela Heineken em 2010.
A aquisição deu a Heineken o posto de segunda maior cervejaria do mercado brasileiro e alavancou a trajetória de crescimento da marca que atualmente tem no Brasil o seu maior mercado consumidor.
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A Heineken começou a distribuir as marcas por meio de sua nova rede de distribuição adquirida, uma vez que trabalhar com duas redes de distribuição separadas no Brasil não era uma opção viável segundo disse à época a própria cervejaria.
A Coca-Cola solicitou a Heineken que aderisse ao contrato antigo, mas a Heineken se recusou a fazê-lo. Depois que os dois parceiros não chegaram a um acordo sobre o assunto, eles iniciaram em novembro de 2017 um processo de arbitragem que a Heineken perdeu em outubro de 2019. Consequentemente, a Heineken concordou em retomar a distribuição através da Coca-Cola.
De acordo com publicação da Reuters, a Heineken negou que a ação promovida pela Coca Cola Brasil e suas engarrafadoras tenha como objetivo anular a compra da Brasil Kirin.
A parceria entre as empresas, que começou em 1990, foi estreitada em 2010 quando a holandesa comprou 100% da Kaiser, criada em 1984 por distribuidores brasileiros da Coca com o intuito de inserir uma cerveja ao portfólio de produtos. A Bavaria, antiga subsidiária da Kaiser, foi comprada pela Heineken em dezembro de 2016, numa operação que a Coca-Cola diz ser uma “artimanha” em sua petição inicial no TJSP.
Há pouco mais de três anos, a Heineken Brasil (Kaiser) e a Associação dos Fabricantes Brasileiros de Coca-Cola negociavam a compra conjunta da Brasil Kirin, o “Projeto Alaska”, como ficou conhecido. Sem chegar a um acordo com os distribuidores da Coca, os holandeses anunciaram em fevereiro de 2017 a compra da Brasil Kirin (a antiga Schincariol).
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Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.