Como começa uma cervejaria cigana: Ballena Brewery (parte 1)

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Nova cervejaria cigana de Florianópolis mostra como é o início deste modelo de negócio a partir do zero

Como é do conhecimento de muitos já familiarizados com o mercado de cerveja contemporâneo, algumas cervejarias funcionam mesmo sem possuir uma fábrica própria, realizando sua produção de forma terceirizada sob diferentes formas de contrato

Esse modelo conhecido como cervejaria cigana se tornou bastante popular com a ascensão das cervejarias artesanais e começou a ganhar exemplares por todo o mundo.

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No Brasil uma das mais novas representantes desse modelo é a catarinense Ballena Brewery de Florianópolis, que foi concebida por duas cientistas de alimentos Mariana Correia e Juliana Santana que se conheceram na faculdade e desejavam montar um negócio juntas.

“Eu trabalhei no controle de qualidade de indústria de alimentos, trabalhei na área comercial, fiz especialização e a Juliana se especializou no ramo cervejeiro, fez cerveja em casa, fez cursos, especialização também e trabalhou em cervejaria. Um belo dia estávamos conversando indo fazer uma cerveja na panela e o assunto sobre começar uma cervejaria fluiu naturalmente” conta Mariana.


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O modelo conhecido como cervejaria cigana é o modo de entrada que apresenta menos barreiras no mercado de cerveja, uma vez que se elimina toda a necessidade de investimento e custos relacionados a espaço e maquinário e se foca recursos na construção de receitas e principalmente no marketing e comercialização dos produtos, entretanto essas cervejarias absorvem o custo de terceirização da produção o que leva sempre a margens comerciais bastante pressionadas.

Cientes desses obstáculos as sócias procuraram estabelecer uma série de definições na fase de planejamento “Temos reuniões semanais fixas para estudar o negócio como um todo no que envolve produção, vendas, questões jurídicas, parceiros, concorrentes e conceitos, por exemplo”.

Canais de venda devem ser o primeiro foco de uma cervejaria cigana

Qualquer negócio deve ser planejado de modo reverso, em outras palavras, estimar quantidades e locais por onde os produtos serão escoados é o primeiro passo para encadear toda cadeia até a produção e isso fez parte do planejamento da Ballena.

“Nossa ideia inicial era realizar venda de barris aproveitando a expansão de bares, tanto na região da grande Florianópolis como pela região de Balneário Camboriú. Mas posteriormente a Mariana nos trouxe a ideia de focar também em chopp pra eventos de empresas, então fizemos um investimento em chopeiras, que não teria sido possível dentro da nossa realidade financeira se não fossemos ciganos. E, claro, vamos comercializar garrafas, pela praticidade e pro nosso consumidor poder aproveitar nosso produto onde ele desejar”.

A concepção da marca foi feita com o auxílio de uma empresa especializada. “Elas nos auxiliaram não só na questão da identidade visual, mas também na forma de transmitir a imagem de tudo que acreditamos, sejam projetos que queremos apoiar ou mensagens que queremos passar, inclusive a de que o papel da mulher deveria ser tratado de forma tão natural quanto o do homem no mercado de cerveja”.

A produção da Ballena irá partir de uma Cream Ale e ganhará mais dois rótulos que formarão um portfólio fixo, posteriormente a cervejaria deverá ter uma linha sazonal de outros estilos.

“Queremos é encontrar um equilíbrio entre estar sempre oferecendo algo novo pro público e de quebra fazer o que seja bom para o nosso negócio”.

Para ler a segunda parte de “Como começa uma cervejaria cigana” com a Ballena Brewery, clique aqui.

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Sobre o autor

Felipe Freitas é engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação Tecnológica pela EQ/UFRJ e analista do mercado de cervejas.