A menor disponibilidade de garrafas de vidro para o setor cerevjeiro, que se tornou um fator crítico em 2020, irá continuar ocorrendo ao longo de 2021.
A alta demanda por embalagens ocasionada pelo aumento do consumo domiciliar, um dos efeitos promovidos pela pandemia da COVID-19, permanece atualmente e a capacidade de oferta de garrafas de vidro ainda não se adaptou a nova condição de mercado.
Uma avaliação deste cenário foi realizada pelo banco Credit Suisse e publicada no site do Valor Investe, que consultou um grande fornecedor do mercado de cerveja para aprofundar o entendimento sobre a situação.
Mesmo com uma desaceleração recente do consumo de cerveja em virtude do término do auxílio emergencial, a indústria não conseguiu formar estoques capazes de atendar a demanda atual do setor cervejeiro pelas grandes cervejarias presentes no Brasil Ambev, Heineken e Grupo Petrópolis.
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Com isso as restrições de acesso a garrafas de vidro, um fator que ocasionou uma grande problema no ano passado, permanecessem no mercado cervejeiro e impactam toda a cadeia e o mix de embalagens com que os fabricantes de cerveja utilizam para os seus produtos.
Numa reação em cadeia, as microcervejarias, que possuem menor poder de barganha com fornecedores, sofrem com a falta de disponibilidade e encarecimento de garrafas, um desafio que continuará a ocorrer em 2021.
De acordo com o Valor Investe, entre as grandes cervejarias, a Ambev é a menos impactada pois se beneficia de sua integração vertical e conta com produção própria de garrafas para 44% de suas necessidades e contratos sólidos para complementar o restante.
Já Heineken necessita importar até 30% de suas garrafas o que acaba por gerar um forte impacto nos seus custos e o Grupo Petrópolis é o mais impactado necessitando realizar um desvio de grande parte de sua produção para latas.
De fato, as latas tem sido as grandes vencedoras deste cenário, permanecendo com um crescimento de sua oferta, com seus produtores conseguindo capitalizar sua expansão durante o período crítico conforme publicado recentemente pela Catalisi.
O Sindcerv, entidade que representa a Ambev e a Heineken, analisa que a produção de garrafas sofre com falta de insumo e outros desafios inerentes ao cenário atual.
“O Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv) esclarece que a falta de garrafas que o mercado vem enfrentando é um reflexo do impacto que a pandemia gerou no cadeia de insumos e produção de embalagem – e que vem afetando diversos segmentos. Especificamente no setor cervejeiro, estamos enfrentando desafios pontuais com alguns insumos inerentes ao negócio, mas buscando junto aos fornecedores soluções para a normalização e menor impacto possível ao processo.” declarou a entidade sobre o tema.
Outro fator destacado pelo Relatório do Credit Suisse é que as grandes cervejarias durante este período restritivo, que vem apresentado diversos desafios para suas operações, está fazendo com que as mesmas priorizem, marcas, segmentos e tamanhos de embalagens mais lucrativos em detrimento dos de margem baixa e menos demandados.
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Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.