O Festival Brasileiro da Cerveja realizado em Blumenau, que é um dos eventos mais tradicionais para a cerveja artesanal do Brasil, sendo muito importante para o próprio desenvolvimento do setor, está passando por um momento de crise sobre sua organização
Sofrendo uma série de críticas, a gestão do festival que o criou busca manter seu comando enquanto a Prefeitura de Blumenau, que diz deter a marca do evento avalia de alguma forma internvir na organização a pedido de parte do segmento do mercado de cerveja artesanal do local
No final de março deste ano a Associação Blumenau Capital Brasileira da Cerveja, grupo que reúne nove cervejarias da cidade (Alles Blau, Balbúrdia, Bierland, Blumenau, Container, Kewits, Omas Beer, Segredos do Malte, Scholers Bier) além da Escola Superior de Cerveja e Malte emitiu uma “nota à comunidade cervejeira” além de encaminhar um ofício reivindicando a gestão dos eventos, cujas marcas pertencem ao município.
A razão da reinvindicação é um descontentamento com a falta de transparência e diálogo com a organização atual do evento que fica a cargo da empresa Associação Blumenauense de Turismo, Eventos e Cultura (Ablutec), e que com isso o Festival tem se distanciado do mercado.
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A Ablutec declara que o evento foi uma criação da própria empresa que o organiza de forma totalmente privada, sendo dessa forma livre de qualquer ligação com a gestão pública. A empresa apenas aluga o Parque Vila Germânica pertencente a prefeitura para sua realização
A principal razão dos reinvidicantes de mudançar seria uma queda em prestígio do evento acaba por afetar a imagem de Blumenau como a “capital brasileira da cerveja”.
O Festival Brasileiro da Cerveja é parte de um evento maior que ocorre concomitantemente à Feira Brasileira da Cerveja e ao Concurso Brasileiro de Cervejas, formando a chamada Semana da Cerveja Brasileira. O festival teve sua primeira edição em 2010 e acabou por se relacionar diretamente com a fase de grande expansão no número de microcervejarias no Brasil que ganhou grande impulso no mesmo período.
A premiação no Concurso se tornou uma das mais reconhecidas dentro do mercado brasileiro, servindo de gancho para estratégias de marketing de diferentes cervejarias o que aumentou a repercussão sobre o evento em todo o país.
Ao longo do tempo, com o desenvolvimento do mercado no Brasil que se regionalizou e ganhou novas dinâmicas, conforme seguia tendências próprias do setor, originadas principalmente nos EUA, o evento começou um processo de defasagem e de queda no interesse de diferentes cervejarias.
Com isso o número de cervejarias expositoras caiu e também passou a se concentrar muito mais na região sul, fazendo o festival perder parte da relevância que lhe era creditada nos seus anos iniciais.
A Ablutec declara que a marca “Festival Brasileiro da Cerveja” é de domínio público, e suportado por um parecer jurídico emitido por um escritório de advocacia contratado pela empresa, por ser uma expressão de uso comum, não podendo ser registrada.
Desta forma apenas a marca mista, caracterizada pela logo mais o nome da marca, poderia ser passível de alguma exclusividade
De acordo com o site NSC Total, focado na região de Santa Catarina, a prefeitura de Blumenau está avaliando intervir na organização do Festival Brasileiro da Cerveja.
O município estaria se respaldando legalmente para intervir de alguma forma na organização do evento. No começo de abril a Secretaria de Turismo e Lazer de Blumenau enviou uma notificação extrajudicial à Ablutec, atual organizadora, requerendo a “imediata descontinuidade” do uso das marcas “Festival Brasileiro da Cerveja” e “Concurso Brasileiro da Cerveja”.
A Ablutec contestou alegando que as marcas são de domínio público e não do município de Blumenau.
Adicionalmente a Ablutec alegou que as críticas das cervejarias locais estariam relacionadas a infra estrutura dos pavilhões do Parque Vila Germânica, espaço público onde o festival é realizado, e também a falta de divulgação do evento por parte da prefeitura.
A Associação que contempla as cervejarias locais da região de Blumenau já realizou uma reserva de uso do dos pavilhões da Vila Germânica no intuito de realizar um festival sob a sua organização.
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Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.