Heineken amarga prejuízo de R$ 1,3 bilhão e anuncia 8 mil demissões

Heineken publica seu resultado anual global com prejuízo milionário e comunica reestruturação com corte de pessoal

Os impactos da pandemia sobre o negócio da Heineken causaram um prejuízo milionário em 2020, revelado esta semana através da publicação do resultado anual da multinacional na Holanda.

A Heineken, que é a segunda maior cervejaria do mundo, apurou um prejuízo líquido de 247 milhões de dólares (equivalente no câmbio atual a R$ 1,3 bilhão) em 2020, revertendo lucro de R$ 14,2 bilhões apurado em 2019.

O faturamento líquido da companhia caiu para 19,72 bilhões de euros (R$ 129 bilhões), ante 23,97 bilhões de euros (R$ 156,8 bilhões) obtidos em 2019.

O volume de vendas apresentou um declínio anual de 8,1%, sendo que especificamente a marca de cerveja Heineken apresentou queda de 0,4% em 2020 contra 2019.


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“Irá levar tempo para que saiamos da pandemia. Não estaremos seguros antes de estarmos todos seguros. Países desenvolvidos da América do Norte, Europa e alguns de regiões da Ásia provavelmente irão sair da pandemia em breve, quem sabe até o fim do ano. Mas vai levar mais tempo até que o mundo todo esteja vacinado até um determinado nível” declarou o CEO da Heineken Dolf van den Brink em entrevista a CNBC.

A pandemia teve impacto direto sobre os resultados da Heineken devido ao período de restrições e fechamentos em diversos países, sendo estes os canais onde se encontram as maiores margens de lucros da empresa. Com isso as vendas das marcas da companhia ganharam maior redirecionamento para o varejo onde as margens são mais apertadas.

A empresa apresenta uma visão conservadora sobre a recuperação de seu negócio nos próximos anos. Em 2021 a expectativa é que seus resultados ainda estejam abaixo do ano de 2019, com uma recuperação acima do período pré-pandemia ocorrendo apenas em 2023.

“Neste ano de 2021 nós não esperamos conseguir voltar aos níveis de lucro pré-pandemia, como eu disse nós ainda estamos sendo afetados” complementou o CEO da Heineken durante a entrevista.

O Brasil, maior mercado da Heineken no mundo correspondendo a cerca de 15% da vendas da multinacional, foi citado algumas vezes no Relatório de Resultados anual de 2020 da empresa com destaque para crescimento de dois dígitos do seu portfólio premium e mainstream.

Outro destaque ficou por conta do crescimento no Brasil do rótulo Heineken 0.0, a versão sem álcool da cerveja carro-chefe da empresa. O lançamento atingiu crescimento de 40% e o país já é o terceiro maior em vendas no mundo desta cerveja.

Plano de recuperação da Heineken prevê corte de 8 mil empregos

A empresa disse que produzirá 2 bilhões de euros (US $ 2,42 bilhões) de economia bruta redesenhando sua organização para torná-la mais eficiente e eficaz, reduzir a complexidade e o número de seus produtos e identificar seus gastos menos eficazes.

Parte da iniciativa de economia inclui a eliminação de cerca de 8.000 empregos na multinacional em todo o mundo nos próximos anos. “Estamos tristes por ter que fazer esta intervenção. Nós adiamos o máximo que podíamos.” declarou o CEO da holandesa à CNBC.

A estratégia de portfólio da empresa focará nos seus produtos premium, onde a Heineken acredita estar sua maior força com destaque para a marca Heineken que alcançou crescimento de dois dígitos em 2020 em 25 países, em parte devido a introdução da Heineken 0.0.

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Sobre o autor

Felipe Freitas é engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação Tecnológica pela EQ/UFRJ e analista do mercado de cervejas.