Heineken sofre com falta de garrafas de vidro

Heineken apresenta dificuldades para atender algumas regiões do Brasil com garrafas de vidro

A Heineken comunicou que tem tido dificuldade para abastecer o mercado com cervejas em garrafas de vidro em algumas regiões do país.

A empresa afirma que a questão é pontual e causada pela falta de insumos como vidro e alumínio, problema já sentido por outras cadeias industriais, e que, segundo a companhia, tem afetado toda a indústria de bebidas no Brasil.

O Brasil tem passado por uma crise de abastecimento de insumos para embalagens que tem afetado a cadeia de diversas indústrias no país. Segundo a Heineken, todo e qualquer impacto na cadeia tem um impacto ainda maior na disponibilidade de sua cerveja.

O Sindicerv (sindicato nacional da indústria da cerveja) e a CervBrasil, associação do setor, também dizem que há falta pontual de garrafas.


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Para o Sindicerv, o problema é reflexo do impacto no fornecimento de insumos agravado pela pandemia. A entidade diz que busca, junto aos fornecedores, “soluções para a normalização e menor impacto possível ao processo”.

A indústria do vidro comenta que o aumento de demanda por latas e a redução da demanda por determinados tipos de embalagens de vidro dificulta a retomada pela demanda de vidro que não esteja garantida sob contratos.

Durante a crise diversas empresas priorizaram o escoamento de estoques para gerar caixa e posteriormente voltaram a realizar compras de insumos que estavam fora do ritmo usual de produção para proteger sua viabilidade financeira.

Segundo sondagem da CNI (Confederação Nacional da Indústria), em novembro, devido a pandemia, 75% das indústrias brasileiras enfrentaram dificuldades para conseguir insumos domésticos.

“As empresas diminuíram as compras [principalmente de abril a junho] e venderam tudo o que tinham de capacidade de venda. Agora, na volta, querem contratar o que elas estavam vendendo antes da pandemia. Não tem como suprir embalagem de vidro diferente para cada cliente”, disse Lucien Belmonte, presidente da Abividro (Associação Brasileira das Indústrias de Vidro) em publicação da FolhaPress.

De acordo com Belmonte, a indústria de vidro nunca parou de fabricar, mesmo com a pandemia.

“A fábrica produz 365 dias por ano, durante 18 anos. No pico da crise, chegamos a quebrar, literalmente, as garrafas de vidro porque não tínhamos para quem vender”.

Segundo ele, a demanda pode se normalizar no fim do primeiro trimestre do ano que vem.

De acordo com Paulo Petroni, presidente do CervBrasil, as garrafas que estão sobrando nos estoques das fábricas são as retornáveis. Isso condiz com a mudança de hábitos relatada por Belmonte, já que os grandes consumidores desse tipo de vasilhame são bares e restaurantes, que estão entre as categorias mais afetadas pelo distanciamento social imposto pela crise do coronavírus.

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Sobre o autor

Felipe Freitas é engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação Tecnológica pela EQ/UFRJ e analista do mercado de cervejas.