Mapa identifica contaminação na água de produção da cerveja Belorizontina

A análise do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) constatou que a contaminação da água utilizada na produção de cerveja.

Nesta quarta-feira (15/01) o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) anunciou que a água utilizada na produção da cerveja Belorizontina da Cervejaria Backer estava contaminada por dietilenoglicol.

A análise revelou que a contaminação ocorreu dentro da fábrica e as hipóteses investigadas agora seguirão três linhas: sabotagem, vazamento e uso inadequado das moléculas de monoetilenoglicol.

Análises realizadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) constataram a contaminação da água utilizada pela Backer na fabricação de suas cervejas. A informação foi anunciada hoje (15), em entrevista coletiva concedida em Brasília, pelo Diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal do Mapa, Glauco Bertoldo, e pelo coordenador-geral de Vinhos e Bebidas, Carlos Vitor Müller.


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“Diante da suspeita de que a contaminação por dietilenoglicol e monoetilenoglicol é sistêmica, ou seja, está presente no processo de fabricação da Backer, o Ministério determinou o recolhimento de todos os produtos da cervejaria e a suspensão da fabricação, pois outras marcas podem estar contaminadas também”, afirmou Glauco Bertoldo. A presença das moléculas tóxicas no tanque da água utilizada na produção da cerveja é algo excepcional e é motivo de investigação pela força-tarefa formada para apurar o ocorrido.

O coordenador-geral de Vinhos e Cerveja, Carlos Müller, informou que ainda todo o processo de fabricação está sendo periciado e que, por enquanto, há três hipóteses sendo investigadas: sabotagem, vazamento e uso inadequado das moléculas de monoetilenoglicol no processo de refrigeração do sistema.

Segundo a fiscalização do Mapa, foi identificado um uso elevado do produto utilizado no sistema de refrigeração. De acordo com o Mapa, 15 toneladas do insumo foram compradas pela cervejaria desde 2018, com picos em novembro e dezembro de 2019. Como a refrigeração é um sistema fechado, em princípio, não haveria justificativa para essa aquisição em grande escala.

Conforme informaram os técnicos, os controles de produção demonstram que os lotes já detectados como contaminados passaram por distintos tanques, não estando restrita ao tanque 10, onde supostamente teria sido produzida a marca Belorizontina. Uma nova rodada de amostras está sob análise dos laboratórios federais agropecuários e os resultados serão divulgados em breve.

“É importante ressaltar que não existem limites aceitáveis para a presença das substâncias em alimentos”, destacou o coordenador Carlos Müller. “Temos [força-tarefa] que ir atrás de como ocorreu esta contaminação”, acrescentou. A Backer, que responderá a um processo administrativo, ficará fechada por tempo indeterminado e seus produtos só poderão voltar a ser comercializados após o Mapa comprovar a normalidade do sistema de produção da empresa.

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Sobre o autor

Felipe Freitas é engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação Tecnológica pela EQ/UFRJ e analista do mercado de cervejas.