Microcervejarias de SC: Falta de insumos e preços altos geram pior crise já vista na região

Escassez de insumos, em especial de garrafas, estão causando uma grave crise para as microcervejarias do estado de Santa Catarina

A menor disponibilidade de garrafas de vidro para o setor cervejeiro, um dos efeitos provocados pela pandemia e se tornou um fator crítico nos últimos 18 meses está gerando uma crise profunda para microcervejarias do estado de Santa Catarina.

A alta demanda por embalagens motivada pelo aumento do consumo domiciliar, promovido pela alteração de hábitos de consumo com a pandemia da COVID-19, fez subir a demanda por vidro oque aumentou a procura por garrafas ao mesmo tempo que restringiu a oferta da embalagem no setor cervejeiro.

A restrição de acesso a garrafas de vidro, um fator que ocasionou uma grande problema no ano passado, permanece no mercado cervejeiro e impacta toda a cadeia, em especial o mix de embalagens que os fabricantes de cerveja utilizam para os seus produtos.

As grandes cervejarias que compram este insumo em gigantescas quantidades através de contratos de longo prazo sofrem muito menos com esta questão, e algumas delas possuem sua própria produção de garrafas.


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Com a falta de garrafas o preço das mesmas também subiu e essa dificuldade tem preocupado as cervejarias artesanais de Santa Catarina que tem tido suas operações impactadas por essa crise. As cervejarias temem que o problema deve se agravar no verão o que gerará uma queda na produção.

Desde o início da pandemia as garrafas de vidro ficaram 30% mais caras. Embalagens de papelão e o frete também se encareceram durante este período o que tem pressionado o negócio das pequenas cervejarias. Um repasse dos custos reduz o interesse dos consumidores enquanto represar aumentos dificulta o fluxo de caixa.

O aumento do preço das garrafas explicado

Os dois fatores que estão fazendo com que as garrafas de vidro fiquem mais cara são o aumento de custos da produção da embalagem e a maior demanda e relação a antes da pandemia.

Nos custos de produção o preço de produção da barrilha, que é utilizada na matéria-prima e o gás natural utilizado como fonte energética são cotados em dólar e estão quase 50% mais caras do que em relação ao início de 2020.

A subida do dólar reduz importações e aumenta a busca pela produção nacional o que leva também ao aumento de preço das embalagens, prejudicando especialmente pequenos produtores que as utilizam, como as microcervejarias.

As saídas para tentar contornar a falta de garrafas

A falta de garrafas tem acelerado o fenômeno de adoção do uso de latas de alumínio para cerveja, esta embalagem tem sofrido também do problema de escassez mas numa escala menor que as garrafas de vidro.

Pequenas cervejarias tem buscado focar também no envase de cervejas em barril, algo que deve ser menos problemático com a reabertura de bares e restaurantes e promoção de eventos. Porém retira das prateleiras cervejas que necessitam estar em lojas e mercados, o que gera menor flexibilidade na presença nos canais de venda.

“Pequenas cervejarias que sonhavam em virar regionais e ‘estender tentáculos’ vão ter que ficar restritas ao âmbito municipal. Vai ser o jeito de ficarem vivas. É que nem um salto: terão que dar dois ou três passos pra trás e só depois conquistar espaço” comentou Valmir Antonio Zanetti, presidente da Associação Vale da Cerveja e dono da Cerveja Blumenau no Portal ND Mais.

Cervejarias artesanais de Santa Catarina começaram a se consolidar no início dos anos 2000 e com a crise atual podem sofrer uma retração em 2022, uma demonstração de como os impactos da pandemia ainda estão presentes, mesmo numa fase de maior controle da doença.


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Sobre o autor

Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.