Conforme os consumidores de cerveja artesanal vão se tornando cada vez mais experimentados em relação a aromas, sabores e outros aspectos sensoriais, é natural que se tornem cada vez mais ‘infiéis’ a um determinado estilo e mais propensos a explorar novas possibilidades até mesmo em outras bebidas.
Uma tendência bastante recente que explora o essas características de consumo criando oportunidade de novos tipos de produtos são as bebidas híbridas de vinho e cerveja, que já ganharam muitos exemplares no mercado dos Estados Unidos e tem crescido em lançamentos no Brasil.
O mais recente é o da cervejaria paulista Dádiva que lançou recentemente a Dádiva Sept, uma série de duas cervejas híbridas com vinho que marcam os 7 anos de operação da marca.
A Dádiva Sept é uma Belgian Strong Golden Ale envelhecida em barrica de carvalho americano que é apresentada em duas versões: uma com 20% de seu volume em vinho Claret Cabernet Sauvignon e outra com 40% deste mesmo vinho.
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Os híbridos de cerveja e vinhos quebram barreiras entre os mundos das duas bebidas, combinando a uva com os grãos de maneiras inspiradas no passado, mas adequadas ao futuro. Outra forma de abordagem é a utilizada pela Dádiva, que realiza um blend entre duas bebidas já prontas, buscando diferentes proporções de equilíbrio.
A combinação de técnicas de produção que misturam cerveja e vinho já existia nos anos 1970 com a cervejaria belga Cantillon, e ganhou versões mais contemporâneas a partir do fim do anos 1990 com cervejarias norte-americanas como Allagash Brewing, Dogfish Head e Odell.
O mundo da cerveja artesanal, à medida que busca para nichos de maior necessidade de diferenciação necessita investir um nível de maior complexidade de produtos, para composição de portfólio. O que traz mais desafios de gestão, mas posiciona as marcas em níveis diferenciados de interesse perante ao público.
Os híbridos de cerveja e vinho são uma oportunidade nesta direção apresentado oportunidade de ocasiões de consumo diferenciada para um público interessado e curioso, seja para produtos de linha ou sazonais.
No caso da Dádiva, o lançamento da Sept ajuda a compor uma linha grande de produtos da cervejaria, além de manter sua posição de marca inovadora dentro do mercado. Desde sua inauguração, em 2014, a Dádiva já lançou mais de 200 rótulos de cervejas.
Além disso, essas bebidas híbridas também dão a chance de contato para amantes do vinho compreenderem o potencial sensorial das cervejas de maneira mais fácil, o que ajuda na percepção de valor dos produtos cervejeiros
A combinação dos híbridos de cerveja e vinho em produtos complexos requer um trabalho diferenciado na construção de produtos, relacionado principalmente ao momento de lançamento e também o desenvolvimento da embalagem, no caso de produtos que ganharão distribuição.
Trazer uma linguagem da marca junto a elementos que comuniquem a elegância tradicionalmente associada ao vinho é um dos caminhos, mas existem outros também para atrair e engajar o público alvo para essa bebida.
A escolha da Dádiva foi envasar a Sept em garrafas elegantes de 375ml, o lançamento alcançou bares, empórios e e-commerces de todo o país, além de sua loja da fábrica em Várzea Paulista. O preço sugerido para a venda é de R﹩ 44,00.
Esses híbridos de cerveja e vinho são uma boa amostra do que pode acontecer quando as duas bebidas se unem, utilizando a força inovadora dos cervejeiros junto com o prestígio e a sofisticação que as pessoas amam no vinho.
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Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.