Produção de lúpulo ganha linha de crédito de até RS 2,6 milhões do BNDES

Cultivo de lúpulo no Brasil é incluído em linha de crédito do BNDES, o que pode acelerar o crescimento da produção do insumo no país

A produção de lúpulo no Brasil está ganhando mais uma nova via de incentivo financeiro, por meio do BNDES, que passou a incluir a cultura do insumo cervejeiro no Programa de Modernização da Agricultura e Conservação dos Recursos Naturais (Moderagro), uma linha de crédito oferecida pela instituição. A inclusão atendeu a um pleito da Associação Brasileira dos Produtores de Lúpulo (Aprolúpulo).

Por meio do Moderagro, produtores e empresas rurais ligados à cultura do lúpulo poderão financiar investimentos de até R$ 880 mil. Para cooperativas, o valor pode chegar a R$ 2,64 milhões. O programa oferece financiamento para projetos de modernização e expansão da produtividade nos setores agropecuários, e para ações voltadas à recuperação do solo e à defesa animal.

“Este, sem dúvidas, é um passo fundamental para a expansão do lúpulo em todo o país. O acesso a crédito é um dos desafios para essa cultura inovadora, que tem potencial de provocar um grande impacto na cadeia cervejeira brasileira ao longo dos próximos anos. A inclusão no Moderagro abre novas perspectivas para a ampliação de áreas já em operação e também para a entrada de novos produtores”, afirmou o presidente da Aprolúpulo, Herman Wigman.

A inclusão do lúpulo no programa contou com o apoio unânime dos membros da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Cerveja do Ministério da Agricultura, após solicitação apresentada pela Aprolúpulo.


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O cultivo de lúpulo no Brasil apesar dos mais variados desafios, como por exemplo a necessidade de adaptação da planta ao clima tropical, e a ausência de regulamentação específica para a atividade tem dado passos extraordinários de desenvolvimento, abrindo perspectivas para que o país se torne cada vez mais relevante no mercado de um insumo que é praticamente todo importado.

O avanço do lúpulo no Brasil tem sido resultado da iniciativa de empresas e pequenos agricultores associados a pesquisa e construção de conhecimento sobre a adaptação da cultura ao Brasil, conjugado com diferentes formas de incentivo financeiro.

O endosso da Câmara Setorial foi enviado à Secretaria de Política Agrícola (SPA) do Ministério, que prontamente deu encaminhamento à solicitação. Nesta quinta-feira (29), o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou o pleito e publicou resolução confirmando a inclusão do lúpulo no Moderagro. Para o presidente da Câmara Setorial, Marco Falcone, a expansão do lúpulo brasileiro é de enorme interesse para o setor.

“Acompanho de perto o trabalho da Aprolúpulo e dos seus associados. Estou seguro de que o Brasil se prepara para ser um grande player dessa cultura muito em breve” comentou Falcone.

O Crescimento acelerado do lúpulo brasileiro

Em 2022, 99,6% do lúpulo utilizado pelas cervejarias brasileiras foi importado, movimentando R$ 339 milhões. O crescimento acelerado da cultura projetado para os próximos anos deve mudar este cenário já no curto prazo.

Segundo levantamento realizado pela Aprolúpulo, a cultura atingiu 48 hectares no ano passado, com 29 toneladas produzidas. Os principais estados produtores são São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

Ainda de acordo com a Aprolúpolo, as projeções indicam que a área de produção deve dobrar em 2023, oferecendo 88 toneladas de lúpulo ao mercado nacional. A expectativa é que já em 2024 o país se torne o maior produtor da América Latina.

A aceitação do mercado tem sido cada vez maior: pelo menos 110 cervejarias de 11 diferentes estados já utilizam o insumo nacional em suas produções. O frescor é um dos principais diferenciais apontados pelos cervejeiros, já que quase todo o volume importado é de uma a três safras passadas.

Além disso, o lúpulo nacional vem alcançando qualidade similar ao dos principais países produtores do mundo, como Estados Unidos e Alemanha. Outro diferencial competitivo é a produtividade, já que, com o avanço da tecnificação e o uso de suplementação luminosa, tem sido possível realizar até três safras por ano no Brasil.

A expectativa é que o país se torne, nos próximos 10 anos, o maior produtor de lúpulo do Hemisfério Sul, superando a Austrália e a Nova Zelândia. A se confirmar a projeção, a cadeia produtiva conseguirá suprir o mercado interno e ainda ter excedente para exportar para outros países. 

Sobre a Aprolúpulo

Fundada em 2018, a Aprolúpulo congrega as diversas empresas e os empreendedores do setor de lúpulo do Brasil, incluindo produtores de lúpulo, viveiristas, consultorias agronômicas, empresas de maquinário especializado, prestadores de serviços de beneficiamento e cervejarias.

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Sobre o autor

Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.