A gigante AB InBev, holding da Ambev e dona de marcas como Budweiser, Stella Artois e Corona, revelou que os seus volumes globais de vendas caíram 3,4%, mas a receita do trimestre aumentou de 15,09 bilhões de dólares para 15,57 bilhões de dólares, apesar da diminuição das vendas.
A América do Norte, em particular, viu os volumes caírem 17,1%, em comparação a uma queda de 14,5% no segundo trimestre, esses resultados estão muito associados à uma crise de marketing envolvendo a marca Bud Light nos EUA neste ano.
Entretanto, para o terceiro trimestre, no global, os resultados mostraram que o lucro líquido do trimestre ainda aumentou para US$ 1,47 bilhão, de US$ 1,43 bilhão no mesmo período do ano passado. Além disso, numa base orgânica, a receita cresceu 5%, superando o aumento esperado em um consenso de mercado de 4,7%.
O EBITDA subiu de US$ 5,31 bilhões para US$ 5,43 bilhões, e a gigante da cerveja também anunciou uma recompra de ações de US$ 1 bilhão, uma espécie de recompensa após anos de investidores pagando dívidas de aquisições feiras pela companhia.
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Dois fatores principais explicam a dinâmica de queda de vendas e aumento no lucro da AB InBev.
Em primeiro lugar no último trimestre foi expressivo o recuo dos custos atrelados a cadeia de suprimentos que vinham pressionando o mercado de cerveja desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, de insumos como o malte a embalagens e combustíveis. E, concomitantemente, não houve redução nos preços, o que acabou por alargar as margens.
Em segundo lugar a contínua migração de consumo para produtos do segmento premium, onde margens tendem a ser maiores, também contribuiu para a ampliação do lucro da multinacional.
De todas as suas marcas premium, foi reportado que a Corona proporcionou um aumento de receita de quase um quinto, para 18,8%, e a Bud cresceu 11,8%, com Stella Artois alcançando um crescimento de receita de 20,3%.
A cervejeira informou no terceiro trimestre que o seu portfólio de cervejas sem álcool registrou um crescimento de receitas superior a 10% neste período, refletindo o sucesso de produtos semelhantes de outras cervejeiras, como a Carlsberg e a Heineken.
O desempenho foi particularmente impulsionado pela Budweiser Zero no Brasil e pelo crescimento da Corona Cero no Canadá, México e Europa.
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Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.