O ano de 2019 foi o do nascimento do portal da Catalisi e queremos agradecer a todo o público pelo apoio e visitas ao nosso site.
Durante este tempo uma série de acontecimentos movimentaram o mercado de cerveja pelo mundo, um dos mais dinâmicos entre os mercados de bebidas, e o Brasil não ficou de fora disso.
Os visitantes da Catalisi dedicaram o maior número de leituras ao movimentos de grandes cervejarias, mas as atividades de pequenos players Tandberg roubaram bastante espaço e interesse do público.
Antes que o mercado de 2020 comece suas authors seguem abaixo quais foram as publicações de 2019 mais lidas ao longo do ano na Catalisi.
O crescimento da cerveja Praya, que iniciou sua produção terceirizada de forma simples em 2016, tem avançado para estados do sudeste além do Rio de Janeiro e começa a ganhar o sul e centro-oeste incomodando as grandes cervejarias.
A Praya é uma witbier que está crescendo em escala e tem ganho um público bastante abrangente, se posicionando próximo as cervejas premiums de grandes cervejarias e apresentando menor complexidade de entendimento ao público leigo que o portfólio das cervejarias artesanais.
A cervejaria paulista Japas usou criatividade e sensibilidade fotográfica para destacar em sua conta no Instagram alguns dos pequenos agricultores que fornecem ingredientes nipônicos exóticos para as suas cervejas.
A publicação sobre o chamado projeto Ikiru recebeu um grande número de visitantes e ocupou a décima-primeira posição entre as mais lidas da Catalisi em 2019.
Em junho, a publicação sobre o viveiro Lúpulos Ninkasi, o primeiro do Brasil a receber autorização do Ministério da Agricultura para comercialização de espécies de lúpulo brasileiros chamou a atenção do público.
A jornada dos fabricantes de lúpulo brasileiro tem ganho força contrariando prognósticos sobre o baixo potencial climatológico do país para estas espécies. Nos próximos anos será possível averiguar a capacidade comercial desses cultivos em relação a demanda de produção de cerveja no Brasil.
O mercado de cerveja ainda é visto, de forma anacrônica, como um espaço de dominação masculina no imaginário da maior parte das pessoas.
A Catalisi destacou em março o trabalho de mulheres que têm contribuído significativamente para o avanço e diversificação do mercado de cerveja no Brasil, simbolizando inúmeras outras que se dedicam o desenvolvimento da cerveja no país.
Logo no início do ano uma declaração da multinacional Heineken chamou a atenção do mercado brasileiro e apontou para desdobramentos que ocorreriam ao longo de 2019.
Ao fim de 2018 a demanda pela icônica cerveja de garrafa verde estava acima da capacidade de produção da mesma no Brasil, levando a falta do produto em diversas localidades. O acontecimento chama a atenção por ser uma das demonstrações da nova dinâmica do chamado trade up pelo qual uma faixa da população brasileira está passando, levando ao consumo de cervejas de maior preço e valor agregado.
A consultoria Brand Finance publica anualmente um relatório com seu ranking onde avalia os valores de marcas de cerveja pelo mundo.
Na publicação de 2019 se destacam a queda das marcas tradicionais brasileiras, a ascensão de marcas chinesas e o aparecimento pela primeira vez da escocesa Brewdog entre as maiores do planeta com valor de marca avaliado em 1,5 bilhão de dólares na 19ª posição da lista.
A quantidade de dados sobre mercado de cerveja produzida nos EUA sempre rendem análises interessantes.
Os dados da empresa de inteligência de mercado IRI sobre as vendas em redes de varejo no primeiro semestre nos EUA mostrou como as IPAs têm se estabelecido como o estilo de maior crescimento entre as cervejarias artesanais. No ranking das IPAs mais vendidas no primeiro semestre em estabelecimentos monitorados pelo IRI se destaca a predominância dos grandes conglomerados entre as principais marcas nas grandes redes mapeadas.
O recorde de captação dos chamado equity crowdfunding numa só rodada no Brasil foi estabelecido pela cervejaria Leuven de Piracicaba (SP) no valor de R$ 5 milhões. Na soma de valor arrecadado por esse mecanismo de financiamento a cervejaria atingiu a marca de cerca de R$ 14 milhões.
A ascensão da Leuven teve ainda como um capítulo bastante importante em 2019 a formação da CBCA, uma fusão com a cervejaria Schornstein visando explorar o mercado de cervejas artesanais de forma racionalizada através de seus ativos em diversas regiões.
Um dos fatos de maior repercussão no mercado de cerveja do Brasil em 2019 foi o anúncio de que a Ambev, multinacional que é a líder em vendas no país, estava abrindo oportunidade para que cervejarias ciganas pudessem produzir seus produtos em algumas fábricas da empresa.
A carioca Motim foi a primeira a utilizar a parceria produzindo um de seus rótulos na cervejaria Bohemia em Petrópolis no Rio de Janeiro, porém posteriormente pouco foi divulgado pelo conglomerado sobre a continuidade do projeto.
Conforme o mercado de cervejas artesanais avança pelo Brasil novos players vão tomando posição dentro do cenário competitivo.
Dentre as grandes redes de varejo brasileiro o grupo Pão de Açúcar é o primeiro a investir na própria marca de cerveja, algo que já ocorre em grandes redes dos Estado Unidos. A produção ficou a cargo da cervejaria gaúcha Imigração e o planejamento da linha levou 2 anos segundo a companhia.
Em outubro a Heineken Brasil trouxe a público um novo anúncio declarando que o país havia se tornado o maior mercado consumidor de seu principal produto.
O Brasil ultrapassou em 2019 países da Europa e os Estados Unidos para se tornar o principal consumidor da marca holandesa. Juntamente ao anúncio a Heineken comunicou modificações no portfólio da Eisenbahn e investimento em diversas de suas fábricas mirando aumento de capacidade.
A publicação de 2019 mais lida na Catalisi também envolve uma atividade da Heineken no Brasil.
O anúncio em setembro de que a multinacional iniciaria a comercialização da Lagunitas, marca de cerveja artesanal americana adquirida pela holandesa em 2017, no país repercutiu por todo o Brasil e chamou mais uma vez atenção para o portfólio da empresa.
Lagunitas está sendo produzida nacionalmente na fábrica da Eisenbahn em Blumenau e tem passado por um intenso processo de ativação de sua marca, que remete a despojamento e apelo alternativo, para aumentar seu reconhecimento pelos consumidores brasileiros.
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Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.