Bar do Rio ganha nanofábrica com financiamento inovador

Iniciado com a ideia de ser um ponto de enchimento de growlers, bar investe em fábrica própria através de plataforma de empréstimo coletivo.

A venda direta de cerveja a partir de seu ponto de fabricação apresenta uma diversidade de vantagens para quem a produz.

Este modelo de negócio oferece atrativos tributários, logísticos e financeiros, mas também requer o enfrentamento de obstáculos relativos a gestão de um ponto de venda com a dinâmica de consumo do produto no próprio local.

O bar Growlers2Go no Rio de Janeiro apresenta uma trajetória de evolução interessante. No seu início focou em ser um ponto de enchimento de growlers, numa segunda etapa agregou outras características se configurando como um bar e recentemente adquiriu equipamentos para ter sua produção própria anexa a este bar.

Um dos sócios fundadores da empresa, Marcelo Barbosa, comenta que a liberdade criativa na produção e os atrativos das margens financeiras foram os grandes motivos para a migração do Growlers para este novo modelo.

“A chance de fazer cervejas autorais, originais. Podendo testar ideias e “brincar” com estilos. Criar cervejas experimentais, sem a obrigação de tê-las em linha foram grandes atrativos. Sem contar que financeiramente falando, o brewpub tem margens melhores para venda da produção própria”.

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No salto para o modelo com produção própria, o bar utilizou uma fonte de empréstimos diferenciada para adquirir recursos para a aquisição de equipamentos. A plataforma de empréstimo coletivo Peer to Peer Lending permitiu que os sócios do Growlers2Go tivessem acesso a cerca de R$ 200 mil para investir nos equipamentos.

Marcelo comenta que foi requerida uma série de documentações para comprovação da idoneidade dos sócios e da capacidade de faturamento da empresa, mas que o sistema oferece vantagens.

“Basicamente o Peer to Peer oferece juros menores e menos burocracia, mas também uma forma de expor e testar a a força e confiabilidade da marca”, comenta Marcelo

O Peer to Peer lending como solução financeira para nanocervejarias

Peer-to-peer (P2P) lending é uma modalidade relativamente nova de crédito no Brasil. Ele permite que haja a tomada e a oferta de empréstimo financeiro entre pessoas naturais ou pessoas jurídicas através de uma plataforma digital, sem a participação de uma instituição financeira convencional.

É uma forma alternativa de tomada de empréstimos, uma vez que evita certos níveis de burocracia e altas taxas de juros das instituições financeiras tradicionais. Por outro lado, ela permite que investidores, através de tomada de risco, emprestem quantias para micro e pequenas empresas de forma coletiva, com retornos maiores do que investimentos em renda fixa.

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No caso do Growlers to Go, que batizou a produção própria com o nome Brewing2Go, o financiamento viabilizou uma unidade de produção de 1.250 litros por mês, dependendo dos estilos de cerveja escolhidos.

Com a produção própria Barbosa comenta que pretende mesclar estilos clássicos com com alguma criatividade.

“A produção mais experimental não visa muita invenção, mas sim trabalhar estilos mais clássicos e conhecidos com variedades viáveis dentro desses mesmos estilos, como por exemplo usar a mesma base de IPA que já funciona bem, com variedades diferentes de lúpulos”.

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Sobre o autor

Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.