A Copa Brasileira de Lúpulo chegou a sua terceira edição em 2024 e vem se destacando como um evento marcante para o setor de lúpulos no Brasil, que têm rompido barreiras e se desenvolvido ano após ano.
Criada em 2022, a Kalamazoo Natural Solutions, empresa incubada na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp), é uma das organizadoras da Copa Brasileira de Lúpulos, juntamente com Duan Ceola, que a idealizou.
Mas como funciona a avaliação das amostras de lúpulo que participam da competição e o que é avaliado para determinar a qualidade do lúpulo que tem sido produzido no Brasil neste evento?
A combinação de análises físico químicas através de ensaios de laboratório e também avaliações sensoriais, através de um painel de especialistas de diferentes segmentos do mercado cervejeiro, compõem a metodologia para avaliar as amostras de lúpulo e definir os premiados na competição.
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A ascensão da qualidade de lúpulo brasileiro
A competição serve como uma vitrine para mostrar a excelência dos lúpulos cultivados no Brasil, destacando suas características únicas e comparando-os com padrões internacionais.
Ao participar da competição, os produtores recebem feedback valioso de especialistas, o que os motiva a melhorar a qualidade de seus lúpulos a cada ano.
A Copa está se tornando uma oportunidade única para que produtores de lúpulo e cervejeiros interajam diretamente, fomentando parcerias e colaborações que beneficiam ambos os lados e ajudam no desenvolvimento no mercado de lúpulo no Brasil
Nesta 3ª edição da Copa Brasileira de Lúpulos realizada em 2024, 76 amostras de lúpulo foram julgadas por um painel de 33 jurados de diversas partes do Brasil. Os jurados incluíam cervejeiros renomados, pesquisadores, entusiastas e profissionais da área, garantindo uma avaliação criteriosa e abrangente das amostras.
Ao enviar amostra de lúpulo, uma parte destas é separada para passar por uma análise físico-química com o objetivo de determinar a da concentração total de ácido alfa que confere o amargor para cerveja. A análise é feita através de metodologias oficiais EBC e ASBC, utilizando cromatografia líquida para para que sejam obtidos valores com exatidão.
Após esta análise, a amostra é destinada a avaliação sensorial. No dia do julgamento, as amostras são codificadas e distribuídas na mesa de julgamento. Cada jurado precisa fazer pelo menos 7 avaliações sensoriais, mas, por curiosidade e entusiasmo, a maioria acaba avaliando todas as amostras.
O valor de ácido alfa equivale a 50% da composição final da nota e o valor obtido pelos jurados equivale o restante dos 50%. A avaliação sensorial é feita através do método de avaliação sensorial por afinidade, ou seja, cada amostra é avaliada da forma em que o jurado atribui uma nota de 0 a 10 para a mesma, além disso, é obrigatório descrever as características visuais (cor e formato do pellet, presença de corpo estranho) e notas sensoriais aromáticas (cítrico, frutado, floral, resinoso, entre outras).
As amostras inscritas abrangeram uma variedade de lúpulos, destacando a diversidade da produção nacional. A variedade mais inscrita foi a Comet, com 22 amostras, seguida por Cascade (12) e Chinook (7). Outras variedades presentes na competição incluíram Saaz, Zeus, Magnum, Triumph, Experimental, Crystal, Triple Pearl, Nugget, Centennial, Southern Cross, Mittelfrüh, Sorachi Ace.
Ao todo, 17 fazendas foram medalhadas, refletindo o alto nível de qualidade e dedicação dos produtores brasileiros. Essas fazendas se destacaram por suas práticas de cultivo e pela excelência de seus produtos, recebendo reconhecimento por seus esforços.
Irahops – Centennial (Ouro).
Nugget – Sublima Hops (Ouro), Fazenda Amoras (Prata).
Triple Pearl – Grupo Petrópolis (Ouro), Hops is All (Prata).
Saaz – Hops Mococa (Ouro), Primo Lúpulos (Prata), Lúpulo Guará (Bronze).
Zeus – Irahops (Ouro), Éden Hops (Prata), Grupo Petrópolis (Bronze).
Cascade – Irahops (Ouro), Fazenda Amoras (Prata), Fazenda Felicidade (Bronze).
Southern Cross – Éden Hops (Ouro).
Crystal – Irahops (Ouro), Sublima Hops (Prata).
Sorachi Ace – Lúpulos Dalcin (Ouro), Brava Terra (Prata).
Magnum – Irahops (Ouro), Lúpulos São Pedro (Prata), Lúpulo Zamná (Bronze).
Mittelfrüh – Lúpulos São Pedro (Ouro).
Chinook – Irahops (Ouro), Grupo Petrópolis (Prata), Casca Grossa (Bronze).
Comet – Hops Mococa (Ouro), Irahops (Prata), Lúpulos São Pedro (Bronze).
Experimental – Clube do Lúpulo (Ouro), Hops Brasil (Prata e Bronze).
Triumph – Lúpulo Zamná (Ouro), Grupo Petrópolis (Prata), Lúpulo Guará (Bronze).
Melhor Fazenda de Lúpulos 2024 – Irahops.
O evento foi um grande sucesso, atraindo quase 300 participantes tanto nas palestras quanto na cerimônia de premiação. Esse público diversificado incluiu produtores, cervejeiros, entusiastas e profissionais da área, todos reunidos para celebrar e reconhecer a qualidade dos lúpulos brasileiros.
A terceira edição da Copa Brasileira de Lúpulo não só cumpriu seus objetivos, mas também solidificou seu papel como um evento essencial para o desenvolvimento e a promoção do lúpulo no Brasil. Com a crescente qualidade das amostras e a participação entusiástica da comunidade, a Copa promete continuar impulsionando o setor de lúpulos no país.
Sobre a Autor
Duan Ceola, Mestre em química pura e aplicada, professor e coordenador na Escola Superior de Cerveja e Malte (ESCM), sommelier de cervejas ESCM/Doemens e cervejeiro caseiro desde 2012. Desenvolve pesquisas relacionadas a utilização do lúpulo na cerveja, com publicações em revistas nacionais e internacionais, além do acompanhamento da qualidade e robustez dos lúpulos nacionais. Foi idealizador da Copa Brasileira de Lúpulo, atualmente atua como laboratorista na cervejaria Bellbrück em Chapecó/SC.
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