Espírito Santo ganha projeto para produção comercial de lúpulos

A Hopfenbüge, localizada na cidade de Domingos Martins, é o primeiro campo de lúpulos totalmente certificado do Espírito Santo.

Projetos de plantio de lúpulo com objetivo comercial começam a surgir pelo Brasil, encarando o desafio de desenvolver uma cultura agrícola complexa e totalmente nova para o país.

No Espírito Santo a primeira empresa a investir na produção comercial de lúpulos é a Hopfenbüge, localizada em Domingos Martins, distante cerca de 42 km da capital Vitória.

A produção de lúpulo destinada a comercialização interna ou externa requer a utilização de mudas certificadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), processo executado mediante controle de qualidade em todas as etapas do seu ciclo, incluindo o conhecimento da origem genética e o controle de gerações, que asseguram a rastreabilidade do lote.

A Hopfenbüge adquiriu suas mudas certificadas com a lúpulos Ninkasi, responsável por um trabalho relevante de certificação de mudas e homologação de variedades nacionais.


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As mudas adquiridas pelo projeto do Espírito Santo já passaram por uma etapa de adaptação, chamada de tropicalização, que adéqua as mesmas as condições de clima e solo mais comuns no país.

Até o início do plantio, ocorrido no ano passado, foram transcorridos 2 anos de pesquisa sobre informações técnicas e experiências nacionais sobre o assunto.

“Li muito conteúdo técnico até encontrar cultivos no sul do país, dali em diante começamos a organizar a parte financeira. Quando o viveiro que desejava adquirir as mudas finalmente conseguiu o registro no MAPA fizemos nosso pedido e começamos a preparar o terreno”, comenta Rovena Frossard uma das sócias da Hopfenbüge.

As condições encontradas em Domingos Martins foram consideradas adequadas para o plantio com uma reserva de mata atlântica que forma uma barreira natural de proteção para as estruturas de 6 metros que dão suporte ao desenvolvimento das plantas.

A primeira colheita do campo deverá ocorrer em abril deste ano, é esperado um rendimento de cada muda nesta fase inicial de 0,5 a 1 Kg de lúpulo. Devem ocorrer de 2 a 3 colheitas entre setembro e maio, de acordo com experiências de outros produtores no Brasil. De junho a agosto no geral as plantas têm entrado em dormência.

“Nosso objetivo é ter toda a fazenda voltada pro lúpulo, temos 13 hectares de terra. Mas por ser nas montanhas ainda temos que avaliar o relevo. No momento destinamos 1000 m² onde prevemos expandir de 200 pra 500 plantas esse ano” comenta Rovena.

De acordo com a sócia do Hopfenbüge a qualidade das mudas certificadas adquiridas são visíveis no plantio. “O manejo em si é simples, o que dificulta é a altura de 6 metros necessária da estrutura, então a mão de obra é complicada. Digo que estamos todos em treinamento, todos colocam a mão na massa, literalmente. É mais uma questão de adaptação do q dificuldade”.

As variedades escolhidas de início na plantação são Cascade, Saaz e Centennial e receberão uma produção de lote teste de cerveja com a utilização do lúpulo fresco em parceria com a cervejaria Barba Ruiva, também localizada em Domingo Martins.

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Sobre o autor

Felipe Freitas é engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação Tecnológica pela EQ/UFRJ e analista do mercado de cervejas.