Algumas gigantes do mercado de cerveja, assim como uma serie de outras multinacionais, estão deixando a Rússia numa atitude de desaprovação e desvinculação de seus negócios com a política que está promovendo uma guerra na Ucrânia.
No início desta semana a Heineken anunciou sua decisão de acabar totalmente com seus negócios no país assim como a Carlberg que seguirá a mesma linha acabando com seus negócios na Rússia.
A guerra na Ucrânia está gerando uma serie de impactos a nível internacional no mercado de cerveja. Além da saída das gigantes cervejeiras do país, os desdobramentos no aumento de custos de insumos cervejeiros como o malte, que possui grande relevância para o custo de produção, da bebida está gerando uma pressão de subida de preços na cerveja, uma vez que Rússia e Ucrânia possuem um papel importante como exportadoras da matéria-prima.
A Heineken é a terceira maior cervejaria da Rússia, suas vendas no país contabilizam cerca de 2% da vendas totais da holandesa. A saída do país a Heineken custará a Heineken cerca de 438 milhões milhões de dólares.
A empresa disse que irá garantir o pagamento de seus 1.800 funcionários na Rússia até o final do ano. A multinacional conta com cerca de 82 mil trabalhadores em todo o mundo, sendo o Brasil o maior mercado para o seu principal produto a cerveja Heineken.
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“Concluímos que a propriedade do negócio da Heineken na Rússia não é mais sustentável nem viável no ambiente atual”, comunicou a empresa numa publicação oficial. A Heineken continuará com operações reduzidas na Rússia – para a segurança de seus funcionários e para “minimizar o risco de nacionalização” ou de ser colocada sob propriedade estatal, disse a fabricante de cerveja – até encontrar um comprador para o negócio.
A venda do seu negócio na Rússia não buscará nenhuma margem de lucro de acordo com a multinacional, mas apenas remuneração pelos ativos presentes.
Para a cervejaria dinamarquesa Carlsberg, terceira maior produtora a nível mundial, a saída da Rússia será bem mais impactante, pois a Carlsberg no ano passado alcançou 10% de suas vendas totais e 6% de seus lucros operacionais na Rússia.
A dinamarquesa comunicou que até a sua saíad total do país manterá um nível reduzido de operações e buscará uma oportunidade para venda de todos os seus ativos no país, e qualquer lucro apurado na negociação será destinado a causas humanitárias.
“Nosso negócio será reavaliado pelo valor justo, o que resultará em uma despesa substancial não monetária. Em 2021, o negócio na Rússia registrou receita e lucro operacional de DKK 6,5 bilhões e DKK 682 milhões, respectivamente.” comunicou a dinamarquesa em publicação oficial da empresa.
A decisão para as duas gigantes é bastante complexa pois a Rússia e o quinto maior mercado consumidor de cerveja do mundo o que gera impactos de longo prazo em suas estratégias, por outro lado, a pressão gerada a negócios presentes na Rússia dado o descontentamento da opinião pública relacionado ao desastre humanitário gerado pela guerra tem falado mais alto na perspectiva do negócio
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Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.