Imagem: Montagem Catalisi a partir de site da Hocus Pocus
A cervejaria artesanal Hocus Pocus faturou em 2024 R$ 20 milhões, representando um crescimento acima de 30% em a 2023, impulsionada por uma estratégia que combina expansão da capacidade produtiva, diversificação de portfólio e fortalecimento da presença em canais de distribuição.
Conjugando um portifólio que atinge diferentes tipos de consumidores de cerveja e se servindo de uma diversidade de canais de distribuição, a marca que completou 10 anos em 2024 apresenta uma trajetória interessante na evolução de seu modelo de negócios e conta com perspectivas promissoras para os próximos anos.
Alguns dados relativos ao negócio da Hocus Pocus foram publicados em artigo recente do PEGN que revelou que a cervejaria faturou R$ 20 milhões em 2024, um crescimento de 33% frente aos R$ 15 milhões faturados no ano anterior.
A projeção da marca para 2025 é de ampliar novamente seu faturamento atingindo o patamar de R$ 30 milhões ao conitnuar avançando no crescimento de suas vendas.
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A marca nasceu em 2014 dentro de um grande boom das chamadas cervejarias ciganas na cidade do Rio de Janeiro, e vem avançando dentro de condições de mercado bastante diferentes do início da sua trajetória.
A trajetória da Hocus Pocus se destaca por uma evolução estratégica que combina autenticidade de marca e adaptação ao mercado. Inicialmente operando como cervejaria cigana, a empresa investiu em uma identidade visual psicodélica e comunicação criativa, estabelecendo uma conexão sólida com seu público-alvo.
O negócio tem conseguido capitalizar bastante sobre o investimento inicial na construção de sua marca, o que está permitindo expandir presença no grande varejo e através de chope em bares e botecos tradicionais do Rio, onde se encontra boa parte do consumo da cidade.
A cervejaria conta com 4 bares próprios, três no Rio de Janeiro e um em São Paulo. Os bares próprios são responsáveis por 5% das vendas da marca. O estado de SP é responsável por um total de 10% das vendas da Hocus Pocus, a fábrica da Hocus Pocus é localizada na cidade de Três Rios, interior do RJ com capacidade de 100 mil litros e em processo de expansão.
Fora os bares próprios, as vendas da Hocus Pocus se dividem meio a meio entre off trade no grande varejo e on trade em bares e restaurantes. A marca tem expandido vendas também através da plataforma Bees da Ambev, empresa com a qual a Hocus Pocus estabeleceu parceria em 2021 o que fortaleceu sua capacidade de distribuição.
A transição da produção terceirizada para a produção própria em Três Rios permitiu maior controle sobre o processo de fabricação e aumento de margens, além de viabilizar a expansão para o grande varejo. Essas ações refletem uma visão de longo prazo e capacidade de se adaptar as condições de mercado que estiveram bastante adversas nos últimos anos.
A cervejaria enxerga no investimento de presença no grande varejo um caminho para crescer sem ampliar significativamente a complexidade de sua operação, através de maiores vendas agregadas. No segmento on trade, em bares e restaurantes, a Hocus Pocus tem conseguido ser competitiva em preço com bares vendendo seu chope Orange Sunshine abaixo de 10 reais.
O crescimento da Hocus Pocus em 2024 também está intimamente ligado ao sucesso da Orange Sunshine, uma American Blonde Ale com adição de laranja, que se tornou o carro-chefe da marca.
A cerveja conquistou espaço significativo tanto no grande varejo, com sua versão em lata e garrafa, quanto em bares e restaurantes do Rio de Janeiro, na versão chope.
Pensada como um rótulo com capacidade de escalar, a cerveja oferece um diferencial sensorial frente as cervejas premium e atende o paladar do grande público a um custo que permite estabelecer preços competitivos.
Esse sucesso é resultado de uma estratégia focada em ampliar a distribuição e atender a um público mais amplo, sem perder a identidade de cervejaria artesanal e com isso está conseguindo gradativamente se inserir em ocasiões de consumo dominadas por marcas de gigantes do mercado.
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Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.