Em resposta a crise de embalagens que se abateu sobre os bens de consumo, onde parte do mercado de cerveja se encontra inserido, está ocasionando um forte crescimento do mercado de latas de alumínio. Aproveito este momento este setor vai investir cerca de R$ 3 bilhões até o final do triênio 2020-2022 em três novas fábricas de produção de latas de alumínio que serão inauguradas em Minas Gerais até 2022.
Esses investimentos foram destacados recentemente em publicação da Associação Brasileira do Fabricantes de Latas, a ABRALATAS que busca mostrar como esse momento de crise tem gerado oportunidades para o segmento oferecer soluções essa fase de mudanças para o mercado de bebidas.
Com a pandemia e consequente redirecionamento de consumo de bebidas para o varejo e para o e-commerce todos os tipo de embalagens cresceram em demanda gerando uma crise de desabastecimento das mesmas, algo que está afetando de diversos produtos.
No mercado de cerveja isso ampliou a ascensão das latas como embalagem, uma tendência que já tem ocorrido de forma natural nos últimos anos e está sendo acelerada pelo momento atual. Com isso o Brasil tem ampliando a utilização de latas, com um destaque para o mercado de cerveja
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A Crown está na fase de terraplanagem da construção de uma fábrica em Uberaba que contará com cerca de 800 profissionais que devem ser alocados para a fase da construção, sendo que a inauguração está prevista para abril de 2022, com a geração de 140 empregos diretos.
O aporte total previsto para o projeto é de R$ 650 milhões. “Esta será nossa primeira fábrica em MG. Até este momento, nossa avaliação é positiva e temos sido muito bem atendidos, tanto pelo Estado quanto pelo município de Uberaba, com todos cientes da importância dos investimentos privados como balizadores para a geração de empregos, renda e impostos”, pondera Arinelli. A unidade terá capacidade para produzir 2,4 bilhões de latinhas por ano.
“Minas se destaca no cenário nacional pela diversidade econômica e logística privilegiada. Tem um potencial variado a ser explorado. Acreditamos que no pós-pandemia um dos setores vencedores será a logística. Minas tem um grande potencial nesse conceito, mas o grande desafio é torná-lo ainda melhor”, avalia o presidente da Crown Embalagens, Wilmar Arinelli.
Há cerca de 130 quilômetros de distância, a Ball já está com a construção de sua nova fábrica em andamento em Frutal. A empresa investiu, inicialmente, cerca de R$ 500 milhões de reais. A previsão é que a unidade fique pronta já no segundo semestre de deste ano. Instaladas num terreno de 95 mil m², estarão duas linhas de produção com capacidade anual de 1,6 a 2 bilhões de unidades. “O mercado mineiro é de extrema importância. Para se ter uma ideia, 13% de todas as vendas da Ball no Brasil em 2020 foram para o Estado de Minas Gerais”, complementa Fauze Villatoro, Vice-Presidente Comercial da Ball América do Sul.
Villatoro conta que conseguiu boa negociação com o estado de Minas Gerais por meio do Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais (INDI). “Os incentivos fiscais concedidos pelo Estado, especialmente do ICMS, são negociados por meio deste Instituto. É feita uma análise imparcial a fim de buscar o equilíbrio entre o investimento privado e a renúncia fiscal governamental. Visa-se, então, construir uma estrutura conjunta de benefícios fiscais e desenvolvimento econômico e social onde empresa, governo e sociedade se beneficiem, o que é muito importante tanto para a Ball, já que ganhamos competitividade, quanto para o Governo Estadual, com aumento da arrecadação fiscal incremental, e sociedade, gerando novos empregos diretos e indiretos com o aquecimento econômico regional”, acrescenta.
Outra empresa presente no mercado brasileiro que deve anunciar oficialmente novos investimentos é a Ardagh Group. De acordo com a Abralatas, em recente apresentação para investidores, a empresa listou um projeto de nova fábrica com duas linhas também em Minas Gerais, além de expansões nas unidades existentes na região Nordeste e em Jacareí/SP.
Segundo a empresa, o projeto faz parte de um programa de expansão de US$ 1,8 bilhão e deve ser concluído no segundo semestre de 2022. “Esses investimentos dobrarão a nossa capacidade até 2024. Além disso, a nova fábrica será equipada com linhas de produção de alta velocidade, com produção anual combinada de 3 bilhões de latas”, prevê o CEO da Ardagh Group no Brasil, Jorge Bannitz.
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Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.