Rua da Cerveja: Novo polo cervejeiro do Rio já conta com 7 cervejarias confirmadas

Imagem: Catalisi (meramente ilustrativa)

Rua da Cerveja no Rio de Janeiro tem primeiros contratos de adesão de projetos assinados entre cervejarias e Prefeitura da cidade

A Rua da Cerveja, novo polo cervejeiro da cidade do Rio de Janeiro, está saindo do papel e começando a entrar em sua fase inicial com anúncio de primeiras cervejarias com contrato de adesão confirmados.

O polo é uma iniciativa da Prefeitura do Rio como parte de um grande projeto de reativação do centro da cidade que também está formando um polo cultural e residencial através de fomento financeiro.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o secretário Municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico, Chicão Bulhões, anunciaram na última quarta-feira (27/03) que o município vai promover a requalificação urbana, a ativação de edificações históricas e a criação de um novo ponto turístico na cidade, a partir da revitalização da Rua da Carioca que vai abrigar o polo.

A apresentação do projeto ocorreu em um dos imóveis da própria rua. Durante o evento foram assinados ainda os sete primeiros Termos de Adesão ao projeto Reviver Rua da Cerveja e entregues o certificado e a placa de participação aos empreendedores.


Leia mais:

Como ficou o market share de vendas de cerveja no Brasil em 2023


Produção de lúpulo no Brasil triplica em 2023


Recentemente a cervejaria Cotovelo foi a primeira unidade com obras anunciadas para ocupar um dos imóveis históricos da rua. Ela é resultado da atuação em consórcio de empreendedores já responsáveis por 2 cervejarias e um restaurante.

A atuação em conjunto de cervejarias, inclusive, foi uma das saídas para viabilização dos projetos. Nos 7 contratos assinados com a Prefeitura existem 13 cervejarias envolvidas: Candanga, Martelo do Pagão, Búzios, Tio Ruy, Piedade, Máfia, Vírus, Culturas Vivas, Hoperárias, Kranz Bier, Sundog, Da Quinta, Jourdan Bière

Prefeitura irá investir em reforma da área da Rua da Cerveja

O projeto de requalificação é da Subsecretaria de Planejamento Urbano, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico (SMDUE). Haverá redução de três para duas pistas de veículos em parte da via, ampliação da calçada e instalação de novos mobiliário urbano, canteiros e iluminação.

O secretário Chicão Bulhões reforçou que o projeto vai transformar a Rua da Carioca num grande polo gastronômico e de produção de cerveja artesanal:

– Estamos dando um incentivo para a revitalização desses sobrados e o incentivo financeiro mensal para que as empresas se espalhem aqui. Vamos fazer uma intervenção urbanística, aumentando as calçadas, mudando toda essa área que se junta ao Reviver Centro. O objetivo é ter mais moradores, mais residenciais, mudar essa região da cidade e, claro, dar oportunidade aos turistas também. Além disso, promover o desenvolvimento econômico, gerar emprego e investimentos.

As intervenções na região serão mais um incentivo à Rua da Cerveja. A assinatura do termo dos futuros estabelecimentos é o último passo para que os empreendedores possam receber a quantia de até R$ 200 mil para a reforma dos imóveis e de até R$ 15 mil para ajuda de custos mensais, com repasses que duram entre 30 e 48 meses. Criado para auxiliar na recuperação da região central, o projeto tem como objetivo impulsionar a reocupação das 37 lojas da rua, cerca de 50%, que fecharam em consequência da crise econômica e da pandemia.

Rua da Cerveja deve gerar 500 novos empregos

Cálculos da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico apontam que, em 4 anos, a Rua da Cerveja deve movimentar R$ 222 milhões, gerando uma massa salarial (soma dos salários) de R$ 41,8 milhões. De acordo com o levantamento, devem ser gerados 500 novos empregos nesse polo que promete ser o novo ponto turístico da cidade.

No Estado do Rio, há 120 cervejarias registradas, que possuem quase 4 mil produtos com mais de 5 mil postos de trabalho. A cidade do Rio, além de criar o polo cervejeiro, sai na frente com legislação criada nos últimos anos, a Lei de Liberdade Econômica (LLE) e o Alvará a Jato, tornando-se a única capital do Brasil que classifica a produção de cerveja como de baixo risco, para empreendimentos de até 200 m².

Rua da Cerveja valorizará patrimônio histórico

Ao ajudar a incrementar a economia, o projeto também possibilita a preservação do patrimônio histórico. A maior parte dos imóveis da Rua da Carioca é tombada pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH) e pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), e estava fechada há mais de um ano, o que poderia comprometer a sua conservação. O local, com sua história iniciada no século XVII (1697) também faz parte da história da cidade. Já o nome atual remonta do ano 1848, pois a rua ficava no caminho do Chafariz da Carioca.

O Reviver Rua da Cerveja é um projeto que se une a outras iniciativas da Prefeitura do Rio para revitalizar a região, impactada pela crise econômica e pela pandemia. Para devolver o movimento ao bairro, o Executivo propôs em 2021 o Reviver Centro, aprovado pela Câmara de Vereadores, concedendo incentivos fiscais e urbanísticos para a construção de unidades residenciais. Já em sua segunda versão, o Reviver Centro concedeu até fevereiro deste ano 37 licenças (30 para retrofit ou transformação de uso e 7 para construção de novos empreendimentos), criando 2.777 unidades residenciais e 40 não residenciais.

O município também trabalha pela reabertura de imóveis fechados, ajudando na sua preservação, com programas como da Rua da Cerveja e o Reviver Cultural – esse nos mesmos moldes da Rua da Cerveja, já que a Prefeitura do Rio concede subsídio para instalação de projetos culturais em perímetro que envolve ruas como Primeiro de Março, Rua do Rosário e Rua do Ouvidor. No total, 84 projetos foram habilitados e 23 projetos já estão recebendo o repasse da prefeitura, participando efetivamente do programa.

Receba semanalmente o melhor conteúdo sobre o mercado de cerveja

Publicidade
Publicidade

Sobre o autor

Felipe Freitas é engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação Tecnológica pela EQ/UFRJ e analista do mercado de cervejas.