Imagem: Divulgação Zalaz
A Zalaz, cervejaria artesanal fundada em 2015 em Paraisópolis (MG), chega aos 10 anos como um projeto que vai além da produção de cerveja. Nascida dentro da Fazenda Santa Terezinha, de tradição familiar na Serra da Mantiqueira, a marca construiu um modelo de negócios que integra agricultura, bebidas, gastronomia, turismo e educação.
A ligação com a terra é o fio condutor: práticas sustentáveis, uso de ingredientes frescos e valorização da biodiversidade local fazem parte do DNA da empresa. Agora, ao completar uma década, a Zalaz reforça sua estratégia de expansão com a exportação de cervejas para a China, incluindo rótulos exclusivos que não chegam ao mercado brasileiro.
A trajetória da Zalaz começa com a tradição agrícola da Fazenda Santa Terezinha, que ganhou notoriedade internacional pela produção de cafés especiais, premiados no Cup of Excellence com pontuação recorde mundial de 97,53 pontos. Essa reputação reforçou o valor da propriedade como polo de inovação rural, e a criação da cervejaria em 2015 ampliou esse legado.
Desde o início, a proposta foi integrar a cerveja ao ciclo da fazenda, utilizando ingredientes frescos, leveduras nativas da Mantiqueira e processos de produção artesanais, sem pasteurização ou aditivos químicos. O resultado é um portfólio que transmite identidade e valoriza a biodiversidade brasileira.
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Ao longo de uma década, a Zalaz investiu em diversificação como forma de fortalecer sua presença no mercado:
Esse ecossistema permitiu à Zalaz equilibrar receitas, fidelizar consumidores e manter a autenticidade como marca autêntica e inovadora ligada ao meio rural.
Se a diversificação sustentou o crescimento interno, a exportação se tornou fundamental para manter a viabilidade de linhas de nicho, como as cervejas ácidas e de fermentação espontânea.
Nos últimos anos, o mercado brasileiro mostrou menor apetite por esses estilos, mas a demanda internacional segue consistente.
“Esses produtos ainda têm uma demanda forte no mercado externo. Estamos mandando agora uma leva grande para a China, inclusive alguns rótulos exclusivos que não chegarão aqui no Brasil” comentou Fabrício Almeida, fundador da ZalaZ.
Esse movimento revela uma estratégia bem definida: os embarques para a China não são apenas excedentes, mas incluem lançamentos pensados especificamente para o mercado asiático. Lá, ainda segue presente um público consumidor de nicho que valoriza cervejas artesanais diferenciadas, envelhecidas em madeira e de fermentação espontânea, estando disposto a pagar preços mais altos por esta autenticidade e exclusividade.
Essa estratégia também permite à Zalaz manter viva a linha espontânea no portfólio, mesmo com retração da demanda doméstica, criando um canal de vendas internacionais de alto valor agregado. Além disso esse movimento gerar impacto positivo no Brasil, já que a reputação construída no exterior retroalimenta o prestígio da cervejaria no mercado nacional.
Os principais canais de faturamento da cervejaria ainda são as vendas para o varejo e para o on trade (bares e restaurantes), mas as exportações se tornaram um canal fundamental para diversificação de vendas e manutenção das linhas de maior valor agregado.
A Zalaz também investe em impacto social por meio do projeto Semente Zalaz, uma escola infantil montessoriana criada dentro da fazenda. A iniciativa, que já atende crianças até cinco anos, busca ampliar para o ensino fundamental, reforçando a visão de que a permanência no campo depende não só de geração de renda, mas também de educação de qualidade e qualidade de vida.
Ao completar 10 anos, a Zalaz mostra como é possível conciliar tradição agrícola, inovação em bebidas e expansão internacional. Com exportações para a China assumindo papel fundamental, inclusive com rótulos exclusivos, a marca se consolida como um exemplo de integração entre fazenda e cervejaria, criando um modelo de negócios que valoriza a biodiversidade brasileira.
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Sobre o autor

Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.