Fruto de um investimento de R$ 2 milhões, a cervejaria paulista Dogma comunicou que deu início a construção de uma fábrica própria na cidade de São Paulo.
Esse é mais um passo na trajetória de uma cervejaria que sintetiza bem as mudanças de mercado ocorridas nos últimos anos no segmento de cervejas artesanais.
Iniciada em 2015 a Dogma foi o resultado de um projeto que começou um ano antes na reunião de três cervejeiros caseiros que se uniram para alcançar um mínimo de escala para produzir comercialmente de forma terceirizada, no modelo comumente chamado de cervejaria cigana.
Um dos obstáculos observados foi a falta de coesão de marca do projeto batizado de “Cervejas Sazonais” que dificultava o engajamento e transmissão de valor para o público. Enxergando essa limitação os sócios investiram na criação da marca Dogma, iniciando a partir daí um ciclo virtuoso de envolvimento com o público que passou a ser construído com uma série de ações envolvendo construção de portfólio, identidade visual, projetos de embalagens e ativação de mídias sociais.
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Interessante verificar como ao longo deste caminho a Dogma, através de suas ações, se tornou uma das principais referências de um nicho nas cervejarias artesanais destinados aos chamados beergeeks, que são aficionados sedentos por lançamentos e com disposição de consumir os produtos mais caros do mercado de cerveja.
Ao longo destes 4 anos o modelo de negócios da cervejaria foi crescendo em complexidade, partindo de uma produção totalmente terceirizada, para ser combinada posteriormente com uma pequena produção própria dentro de um taproom da marca que recentemente se associou a um modelo de franquias do estabelecimento e agora ganha um importante capítulo com o anúncio da construção de uma fábrica para produção em maiores escalas.
A fábrica da cervejaria Dogma ficará localizada no bairro da Mooca. A unidade ocupará 1200 m² e terá capacidade de produção inicial de 25.000 litros por mês. A previsão é que ela incie sua operação em abril de 2020.
O valor total de investimento foi de R$ 2 milhões e a expectativa é produzir 50 mil litros no primeiro semestre. A previsão de faturamento é de 15 milhões por ano.
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A empresa não revelou se com o investimento na fábrica própria o modelo de produção terceirizada da Dogma será interrompido, apesar deste ser o caminho mais provável, uma vez que com a capacidade instalada e o volume comercial atingido pela marca as margens de uma produção própria seriam mais atraentes numa produção própria apesar da maior complexidade de gestão.
Já o atual tasting room da Dogma será ampliado no segundo semestre de 2020, provavelmente por deixar de necessitar de um espaço de produção que deverá ficar concentrado na nova fábrica que é próxima do estabelecimento.
Mais uma peça que se alinha à construção da fábrica é o recente modelo de franquias lançado pela cervejaria que tende a retroalimentar o crescimento da própria produção da Dogma, construindo um volume comercial produzido dentro da nova casa.
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Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.