Criada na cidade californiana dePetaluma, a cervejaria Lagunitas se tornou, ao longo de seus 25 anos, uma das mais populares e de mais rápido crescimento dos Estados Unidos. Fatores que certamente foram motivadores de sua aquisição pela Heineken em 2017.
Ainda quando figurava entre as afiliadas da Brewers Association nos EUA, a Lagunitas foi ranqueada como a sexta maior cervejaria artesanal americana em 2014. Em 2018, segundo a empresa de inteligência de mercado Nielsen, a cervejaria foi considerada umas das 5 maiores do “segmento artesanal” do país.
Fundada por Tony Magee, a Lagunitas teve como estratégia de crescimento no mercado americano uma fórmula que combina cervejas lupuladas, identidade visual vintage e marketing com tom irreverente.
Como analisado nas nossas apostas para 2019, a desaceleração do mercado de cerveja artesanal norte-americano apontava para que marcas com apetite internacional apontassem para o Brasil, um mercado muito grande e com público, a despeito da crise econômica, ainda se desenvolvendo.
Realmente o cenário parece ter se casado com a estratégia da Heineken que já havia anunciado intenções de levar a sua marca adquirida a figurar numa expansão internacional.
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A presidente da Lagunitas, Maria Stipp declarou a imprensa no início de 2019 “A explosão da cerveja artesanal está em toda parte. Nós vimos isso quando fomos para o Milão. Nós vimos isso em Barcelona. Nós vimos isso no Rio. Nós vimos isso em São Paulo. Não é apenas um fenômeno dos EUA ”.
A executiva também declarou a intenção de instalar uma cervejaria no Brasil, entre os próximos passos da marca alegando que o jeito mais eficiente para que consumidores “experimentem o frescor da IPA de Petaluma” é com uma fábrica por perto.
Enquanto a nova cervejaria está nos planos, a Heineken iniciou a produção da Lagunitas em sua fábrica em Blumenau (da também afiliada Eisenbahn) e já deve chegar com o produto aos mercados em agosto, tendo dentro da estratégia de lançamento da cerveja está um stand no festival Mondial de la Biere Rio que será realizado em setembro.
Assim como seus rivais multinacionais, a Heineken utilizou uma estratégia de aquisição de microcervejarias nos EUA para crescer sua fatia dentro do único segmento que cresce no mercado de cerveja norte-americano.
A aquisição da Lagunitas se iniciou em 2015, com a compra de 50% da cervejaria, que que completada totalmente em 2017 com a aquisição da metade restante.
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A Lagunitas serviu de ponte para que a Heineken adquirisse também cervejarias menores no país como a Moonlight Brewing, outra californiana.
À época da finalização da aquisição em 2017, a Heineken já trabalhava na expansão internacional da Lagunitas realizando a entrada em novos mercados como França, México, Itália e Espanha. Ampliando também a disponibilidade da marca em mercados como o Reino Unido, Canadá, Holanda, Suécia e Japão.
Dentro do portfólio da Heineken Brasil a Lagunitas preenche um espaço ainda vago onde suas marcas do segmento premium Eisenbahn e Baden Baden possuem um posicionamento de marca mais tradicional e de menor apelo com um público mais jovem e com aceitação a cervejas lupuladas.
A estratégia da multinacional, que tem crescido com seu carro-chefe no país, aponta um crescimento de aceitação de amargor numa maior faixa do público, que provavelmente motivou a cervejaria a investir na chegada da marca no Brasil.
Escala e distribuição estarão favoráveis a entrada da marca no país, resta averiguar o investimento de publicidade que será adotado pela multinacional de forma a comunicar um rótulo que é desconhecido da maior parte do grande público.
A Lagunitas possui taprooms nos EUA e após sua expansão com apoio da Heineken inaugurou uma dessa unidades em Amsterdã, na Holanda. Apesar de não haver sinalização desta estratégia no Brasil é um possível caminho para que empresa cresça o reconhecimento da marca.
No portfólio norte-americano da Lagunitas figuram outras bebidas além de cerveja como a água lupulada, Lagunitas Hop Water que mira no crescente mercado de não-alcoólicos e também a bebida com infusão de cannabis Hi-Fi Hops, outro mercado em ascenção.
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Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.