O mercado para cerveja sem álcool tem recebido investimentos relevantes este ano ao redor do mundo, com destaques para Estados Unidos e Europa.
Nomes como Brooklyn Brewery, Brewdog, Heineken e AB Inbev (através de sua marca Leffe) estão entre os exemplos de cervejarias que desenvolveram produtos para este segmento que cresce numa velocidade maior que o mercado total de cerveja.
Dietas com restrição de ingestão de álcool, gestação, estilo de vida saudável são alguns dos exemplos de ocasiões de consumo que abrem as portas para o segmento sem álcool.
Um fator adicional recente que tem alavancado este mercado são as novas tecnologias de produção deste tipo de cerveja. Estes novos métodos entregam sabor e aroma para cervejas que anteriormente eram tidas como menos atraentes, sob um ponto de vista sensorial.
A cervejaria Dádiva de Várzea Paulista, no estado de São Paulo, é uma das primeiras microcervejarias brasileiras a apostar neste segmento de mercado com o recente anúncio do lançamento de sua Golden Ale sem álcool. O produto foi envasado em latas de 310 ml e ganhará distribuição junto com os outros produtos da empresa.
O lançamento da Dádiva possui teor alcoólico de 0,5%, se enquadrando, segundo a legislação vigente brasileira, na categoria de uma bebida fermentada não alcoólica.
Leia também: Brooklyn investe em cerveja sem álcool na Europa
“A gente acredita muito que a cerveja é inclusiva. É para todos e para todos os gostos, ela é essencialmente popular”. declarou o cervejeiro da Dádiva, Victor Marinho.
Sobre a produção da Golden Ale sem álcool Victor destaca o desafio do processo de produção deste lançamento da cervejaria.
“É uma cerveja muito, muito difícil de fazer. Nem levedura cervejeira (Sacharomyces) a gente usa, a gente usa uma levedura chamada Pichia, que utiliza outra rotas metabólicas que não privilegiam a produção de álcool”.
Leia também: Invicta buscará expansão através de equity crowdfunding
O cervejeiro comenta que a levedura escolhida entrega características sensoriais da Golden Ale sem produzir quantidades de álcool relevantes, porém alguns ajustes são necessários para que a cerveja ganhe um perfil equilibrado.
“Ela – a levedura – vai formar bastante éster, o que dá bastante aroma, então é uma cerveja que tem bastante aroma mesmo. A gente faz um pequeno dry hopping muito delicado. Ela tem 25 IBUS, como sobra muito açúcar residual que não é fermentável por esta levedura diferente, temos que aumentar um pouco o amargor pra deixar equilibrada e não tão doce”, destaca Victor.
A Dádiva têm apresentado interesse no segmento de cervejas mais inclusivas. Este ano a cervejaria já havia lançado uma India Pale Ale sem glúten, que absorve o público celíaco que é intolerante a esta proteína.
Receba semanalmente o melhor conteúdo sobre o mercado de cerveja
Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.