Amazon Beer, uma das microcervejarias pioneiras do Brasil, chega aos seus 20 anos

Foto: Instagram @aislandepaula

Amazon Beer, pioneira entre as cervejarias artesanais do Brasil, chega aos seus 20 anos de atuação no mercado

Era maio de 2000 quando Arlindo Guimarães inaugurou da Estação da Docas, um ponto turístico em Belém do Pará, uma das primeira cervejarias artesanais do Brasil e a única até então da região norte do país.

A audácia de iniciar algo tão diferente num mercado totalmente inexplorado e distante dos grandes centros foi um marco importante para o segmento de artesanais brasileiras, principalmente porque iniciou a combinação da cerveja com insumos naturais característicos do Brasil.

Os desafios de implementar uma microcervejaria na capital do Pará eram os mais variados. O calor e umidade da região afetam a fermentação, a maior parte da matéria-prima vem do sudeste em estradas precárias criando um pesadelo logístico e a população local era totalmente desconhecedora de produtos semelhantes a cervejas da Amazon.

Fácil entender porque muitos consideravam Arlindo, um biomédico com conhecimento do mercado de tecnologia, totalmente louco por se aventurar na empreitada que foi inspirada ao conhecer o fenômeno da microcervejarias que ocorreu nos Estados Unidos.


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O conceito de marca da Amazon era bastante diferenciado para o momento de seu início. Alinhados a colonização de origem germânica do sul do país, as poucas microcervejarias existentes no início dos anos 2000 apelavam para uma comunicação que remetia a elementos alemães.

A identidade visual da Amazon Beer seguiu um caminho distinto.Concebida pelo célebre designer e cervejeiro Randy Mosher ela procurou materializar o espírito da floresta na marca da cervejaria.

“Eu testei muitos animais, mas finalmente decidi por um macaco estendendo a mão para pegar um pedaço de fruta. As formas e as letras são curvilíneas e orgânicas, e os rótulos têm uma forma sinuosa e curvilínea. Fiz um esforço para manter os elementos da floresta um pouco misteriosos, como sombras vistas pela metade na penumbra” comenta Randy Mosher sobre o trabalho para a Amazon no site que contém seu portfólio.

Com o tempo, o investimento inicial de R$ 5 milhões na Amazon Beer começou a dar seus resultados. Em 2011 foi inaugurada uma nova unidade de produção, ampliando a capacidade da cervejaria que era formada apenas pelo brewpub da Estação das Docas.

Em 2015 o volume de produção da Amazon já era superior a 100 mil litros por mês e seus produtos já tinham espaço no mercado europeu e também no Japão, através de atividades de exportação e também de licenciamento de suas linhas de cerveja.

A aposta inovadora na utilização de elementos amazônicos como ingredientes de suas receitas levou a Amazon a se posicionar de forma precursora em relação a valorização de sabores e aromas singulares em suas cervejas que passaram a ser premiadas nacional e internacionalmente, isso combinado com uma marca que carrega elementos que marcam o imaginário das pessoas em relação a floresta.

“Estamos na Amazônia, rica em aromas, sabores, raízes, madeira, frutas, sementes, então tudo isso é usado no processo de fabricação. Tem que ter uma identidade com a floresta, não adianta copiar cervejas de mais de mil anos da Bélgica, Alemanha Inglaterra. Tem que criar uma cerveja que não se encontra em nenhum outro lugar do mundo, a gente se inspira na matéria-prima que a floresta nos oferece”, disse Arlindo Guimarães, em publicação do IG em 2013.

Hoje, em 2020, o mercado de cerveja artesanal Brasil vive um outro momento com dinâmicas de negócio bem mais diversas e complexas, mas é fato que toda cervejaria que não pensa mais duas vezes antes de incluir um ingrediente de origem brasileira em seu produto carrega um pouco da história da Amazon Beer.

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Sobre o autor

Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.