Em entrevista para a jornalista Sônia Apolinário em seu site Lupulinário a diretora da Amacerva-RJ apresenta como a associação tem buscado melhorias nas condições de negócio para os fabricantes do Rio de Janeiro, que é reproduzida a seguir.
Prestes a completar dois anos de sua criação, a Associação das Microcervejarias do Rio de Janeiro (Amacerva-RJ) começa a sair do casulo. É assim que a atual presidente, Mariana Boynard, define o momento atual da instituição. Na próxima semana, a diretoria tem agendada uma reunião com o assessor especial da secretaria estadual da Casa Civil e Governança, Bernardo Santoro. Na pauta, dois pleitos: fim da Substituição Tributária (ST) e redução do ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias) para o segmento de cervejas artesanais no Estado do Rio de Janeiro.
“A Substituição Tributária recolhe imposto de toda a cadeia produtiva, com base na margem presumida de lucro. É um tributo muito alto, que encarece o produto e faz com que alguns cervejeiros percam o fôlego porque é obrigado a pagar o imposto antes da venda. Setores como joalheria e carnes já têm isenção da ST”, explica Mariana.
“Todo setor que está começando precisa de incentivo, de um ambiente que permita o crescimento. Da forma como está, o segmento da cerveja artesanal está engessado e com prazo de validade. Não leva para o Governo a arrecadação esperada. Com o crescimento do setor, a arrecadação aumenta, o que é bom para o Governo”, observa o tributarista.
Mariana participa da Amacerva-RJ desde a sua criação – que por sua vez, saiu do papel depois de cerca de dois anos de discussões. Na gestão passada, exerceu o cargo de diretora-técnica. Agora, como presidente, tem desempenhado um papel “político”, de aproximação com Governos e outras instituições.
Desde janeiro, quando assumiu a presidência para um mandato de dois anos, passou a visitar municípios do estado, acompanhada por integrantes da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Relações Internacionais.
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“Nosso estado é desorganizado. Precisamos de uma lei para gerir o nosso desenvolvimento. Queremos criar um Projeto de Lei para isso. É um processo demorado. Temos que escutar muito e ainda visitar muitos lugares. Percebo que o entendimento a respeito do nosso setor está aumentando e isso é muito importante para o nosso desenvolvimento”, afirma ela que também responde pela cervejaria Esplêndido, com sede em Pedra de Guaratiba, zona oeste da cidade do Rio.
Atualmente, a Amacerva-RJ tem 47 associados. Segundo Mariana, até outubro, o número aumenta em 25. Ela conta que o primeiro momento da instituição foi tomado pelas questões burocráticas que envolvem a criação de qualquer entidade, como por exemplo, a preparação do estatuto. Foi um período que os diretores “se prenderam por demais dentro do casulo”.
Mariana confirmou para novembro a realização da 5ª edição do Rio Craft Beer. No próximo dia 23, a Amacerva-RJ realiza uma assembleia (no auditório da Firjan ou Sebrae, no Centro da cidade) para apresentar dois formatos de eventos para os associados escolherem o que deverá ser feito:
“Esse é um evento que as cervejarias organizam. Não terá uma produtora impondo um formato. Nós vamos botar nossa cara, buscar independência”, afirma.
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Para o próximo ano, os planos incluem a realização de seminários técnicos, a criação de um selo de localidade para identificar cervejas produzidas no Estado do Rio de Janeiro e um maior autoconhecimento. Explica-se: de acordo com a Associação Brasileira da Cerveja Artesanal (Abracerva), o Rio de Janeiro tem 62 plantas e 222 marcas cervejeiras. Mas a Amacerva-RJ quer fazer seu próprio levantamento.
O lema de Mariana é “organização, união e foco”. Uma falha a ser corrigida urgentemente? Segundo ela, a comunicação interna.
“O Governo já nos enxerga. Agora, temos apoio das secretarias de Cultura e Turismo para eventos. Vamos participar mais de feiras de negócios que nos permitem fazer networking para gerar resultados para os associados. Mas precisamos estar unidos. Estamos saindo do casulo”, comemora.
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