Em 2022 a venda de latas de alumínio apresentou um recuo pela primeira vez em cinco anos no Brasil, de acordo com dados reportados pela Associação Brasileira de Fabricantes de Latas de Alumínio (Abralatas).
O setor, que é fortemente atrelado ao mercado de cervejas, apresentou uma queda de 4,7% nas vendas em relação a 2021 e são apontadas diferentes causas para isso.
A indústria de latas do Brasil é a terceira maior do mundo, atrás apenas de EUA e China, contando com 25 fábricas (19 da embalagem e 6 de tampas). O faturamento anual do mercado é de R$ 18,3 bilhões, com 17 mil funcionários diretos e indiretos.
Após dois anos de grande expansão no país, com 13% e 7,3% de crescimento respectivamente em 2020 e 2021, onde as latas se beneficiaram muito de alterações de perfil de consumo relacionadas a pandemia, o setor de latas de alumínio do Brasil encarou um revés em 2022.
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O crescimento obtido pela indústria de latas em anos anteriores confirmaram uma tendência de mudanças de hábitos do consumidor onde as latas se beneficiaram da maior conveniência para o consumo em casa através do mercado de off-trade (mercearias e supermercado) e de vantagens para o transporte em vendas através de e-commerce.
Com o retorno de diferentes ocasiões de consumo fora de casa, principalmente a volta da frequência de pessoas a bares e restaurantes após o controle da pandemia, o vidro ganhou fôlego e retomou parte do mercado.
Além do mercado de cerveja as latas tem se expandindo para outras bebidas, para algumas delas as latas estão apenas começando, como água e drinks prontos.
A Abralatas apontou quatro razões para o recuo: a questão climática, em um ano em que as temperaturas foram menores que nos anos anteriores; a reabertura de bares e restaurantes, com consumo maior de bebida em garrafas de vidro; a eliminação precoce do Brasil na Copa do Mundo; e a repressão no consumo, ocasionada principalmente pela inflação.
Mesmo assim, ao longo de 2022, o setor continuou com as expansões de novas linhas de produção, mas observou uma readequação do parque fabril, bem como um trabalho intenso de redução de custos em toda a cadeia produtiva, especialmente ocasionado pelo aumento do preço do alumínio, principal matéria-prima da lata, durante a pandemia.
Com isso, os investimentos de cerca de 1 bilhão de dólares realizados nos últimos anos e – ainda em curso – serão concluídos até 2024, com a inauguração de novas fábricas e novas e linhas de produção de latas para bebidas.
O presidente da Abralatas ressalta que a cerveja continua com um protagonismo muito alto para as latas, e considera um produto essencial para o setor, porém, vê de forma positiva o a participação da lata em outras bebidas, como energéticos, refrigerantes, drinks, vinhos, uísques, cafés e águas.
“Os resultados de 2022 nos mostram que, mesmo em meio a um contexto adverso, temos a resiliência e a coragem de continuar investindo e ressignificar nossa atuação. Vimos que o setor se reinventa e se supera, mostrando que a latinha continua no caminho certo, conquistando cada vez mais os consumidores brasileiros”, diz Cátilo Candido.
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Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.