Empresas do mercado cervejeiro gaúcho estão entre as elegíveis para acessar uma linha de crédito do BNDES criada para apoiar a recuperação de negócios atingidos por inundações que impactaram o Rio Grande do Sul entre abril e maio deste ano.
Empreendedores de todos os portes e setores da economia com sede ou filial em municípios em estado de calamidade no Rio Grande do Sul terão acesso a linhas de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com recursos do Fundo Social criado pela Lei 12.351/2010 e composto de recursos de royalties do pré-sal. A iniciativa foi anunciada no final de maio
A nova linha de financiamento tem orçamento de R$ 15 bilhões e será operada pelo BNDES e repassada aos clientes finais por meio de instituições financeiras habilitadas a operar com o banco de desenvolvimento (uma rede que conta com mais de 70 agentes, entre cooperativas, bancos comerciais e regionais, entre outros). A linha terá três modalidades.
Uma primeira modalidade é voltada ao financiamento à aquisição de máquinas, equipamentos e serviços, tanto aqueles credenciados ao produto BNDES Finame como todos os demais bens industrializados fabricados no país. A taxa será de 1% ao ano mais, a que se soma o spread de risco cobrado pela instituição financeira repassadora (valor que é negociado diretamente entre este agente e o empreendedor). O prazo das operações será de até 5 anos, com carência de até 1 ano.
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Uma segunda modalidade destina-se ao financiamento a projetos de investimentos. Também neste caso, a taxa será de 1% ao ano mais o spread da instituição financeira repassadora, com prazo de até 5 anos e carência de até 1 ano. Por fim, a terceira opção será o capital de giro emergencial, com taxa de 4% ao ano para micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) e 6% ao ano para grandes empresas, somado ao spread da instituição financeira. O prazo é o mesmo: até 5 anos, com carência de até 1.
As operações de investimento (em que se inclui a compra de máquinas, equipamentos e serviços) contarão com limite máximo de R$ 300 milhões. Já as operações de capital de giro terão limite máximo de R$ 50 milhões para MPMEs e R$ 200 milhões para grandes empresas.
Inicialmente em levantamento inicial realizado pela Associação Gaúcha de Mirocervejarias (AGM) 15 cervejarias anunciaram que tiveram perda total do seu empreendimento, enquanto 20 reportaram danos parciais aos seus negócios.
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Além das cervejarias, outras empresas participantes da cadeia do mercado cervejeiro como fornecedores, bares, restaurantes e o varejo também podem ter esta linha do BNDES como opção de acesso a crédito.
As linhas estarão disponíveis por um ano. A empresa interessada deve procurar o gerente do banco, cooperativa de crédito ou outra instituição financeira onde tenha conta para dar entrada no pedido. Quem acessar o empréstimo terá que manter o negócio no estado. O BNDES vai cobrar também que as empresas retomem em dez meses o nível de emprego anterior às enchentes.
Outra medida já implementada pelo banco é a suspensão por um ano das parcelas de financiamentos contratados por empresas e produtores rurais de cidades atingidas.
As condições financeiras específicas de cada linha, bem como demais condições operacionais, serão regulamentadas pelo Conselho Monetário Nacional e por portaria do Ministério da Fazenda.
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Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.