A cervejaria artesanal multinacional baseada na Escócia, BrewDog, anunciou que deu um passo sem precedentes para se tornar carbono negativo e que remove duas vezes mais carbono do ar do que emite. Tornando-se a primeira marca internacional de cerveja com carbono negativo no mundo, com o objetivo de combater as mudanças climáticas e ter um impacto positivo no planeta.
O anuncio foi realizado pelos fundadores da cervejaria durante a assembléia anual de seus acionistas membros da plataforma de investimento coletivo Equity for Punks
A Brewdog, iniciada em 2007 pelos sócios Martin Dickie e James Watt como uma pequena cervejaria artesanal independente no Reino Unido se tornou um negócio global de cerveja com 102 bares e 4 cervejarias em diversos países.
A expansão em nível mundial só foi possível graças uma série de rodadas de financiamento coletivo inovador que permitiu a cervejaria angariar 73 milhões de libras e uma posterior aquisição parcial por um fundo de investimento que alavancou a empresa.
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A BrewDog revelou agora um plano de sustentabilidade de 39 milhões de dólares anunciando a compra de 2.050 acres de pastagens nas Highlands escocesas que se tornarão a “Floresta BrewDog” na qual a empresa plantará 1 milhão de árvores para compensar as emissões de carbono.
Enquanto a Floresta Brewdog ainda se inicia a empresa anunciou parcerias com fundos de conservação no Reino Unido (The Woodland Trust, Ribble Rivers Trust), Austrália (Carbon Neutral) e Canadá (Nature Conservancy of Canada) para compensar as emissões de carbono até que 1 milhão de árvores sejam plantados.
Todo o trabalho de compensação na emissões de carbono da Brewdog será auditado por entidades independentes de acordo com o relatório publicado com atualizações periódicas revelando seu progresso.
A cervejaria destaca que o cálculo de sua pegada de carbono incluiu todas as etapas de sua cadeia de negócio desde o plantio de insumos agrícolas, passando pelas etapas de produção e posterior distribuição de produtos. Para mensurar todas emissões a Brewdog trabalhou com o consultor científico Mike Berners-Lee para calcular o carbono emitido em partes do ciclo de vida da cerveja.
Na cervejaria da BrewDog em Ellon, na Escócia, toda a eletricidade vem de turbinas eólicas, e o malte utilizado é convertido em gás biometano, que substituiu os combustíveis fósseis usados no processo de fermentação, de acordo com o relatório de sustentabilidade. Parte de aceleração da redução da pegada de carbono e redução de resíduos da empresa inclui a captura do CO2 criado na fermentação para carbonatar cervejas para embalagem ou barrilete e um biodigestor anaeróbico – planta que “transforma a água residual da cervejaria em H2O e biometano puros”.
Para ampliar seus esforços de sustentabilidade nos EUA, a BrewDog planeja instalar painéis solares para alimentar sua cervejaria de produção em Ohio, e investir em veículos elétricos para sua frota de entrega. A empresa também planeja instalar um digestor anaeróbico e uma estação de tratamento de águas residuais em 2021. E, de forma similar com o trabalho que está fazendo com a Floresta BrewDog, a empresa vai plantar uma fazenda de lúpulos e um pomar de maçãs em seu campus em suas instalações americanas.
O esforços ambientais destacados no relatório de sustentabilidade da Brewdog intitulado “Make Earth Great Again” incluem ainda:
“Grandes mudanças são necessárias agora, e queremos ser um catalisador para essa mudança em nosso setor e além. Reconhecemos plenamente que estamos muito longe da perfeição. No entanto, estamos determinados a mudar tudo de forma rápida e fundamental, enquanto trabalhamos duro para garantir um impacto positivo no planeta” declarou o cofundador da Brewdog, James Watt.
A Brewdog desde sua renovação de identidade visual no início do ano compartilhou que começaria a demonstrar maior foco em iniciativas de sustentabilidade que se alinham bastante com a construção da marca global, inovadora associada ao segmento de cervejas artesanais que tem como seu objetivo.
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Sobre o autor
Felipe Freitas é engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação Tecnológica pela EQ/UFRJ e analista do mercado de cervejas.