Cerveja Avós, de São Paulo capital, planeja expandir sua distribuição e pretende transformar sua nanocervejaria com dormitório em franquias.

Inaugurada em 2016 no bairro de Ipojuca na capital paulista como uma growler station, a sede da cervejaria cigana Avós ganhou o status de bar rapidamente devido ao apelo do público das redondezas que segundo o fundador da cervejaria, Júnior Bottura, passou a levar cadeiras para consumir o produto no próprio local.

A cervejaria, que produz exclusivamente lagers, no final de 2018 deu mais um passo em relação ao seu despretensioso bar, batizado de Casa Avós, que ganhou uma nanocervejaria onde a marca passou a produzir produtos experimentais da cerveja Avós, enquanto mantém sua maior produção de forma terceirizada na cervejaria StartUp Brewing em Itupeva.

A nano fábrica têm capacidade de produção de 600 litros por mês e foi fruto de um investimento de R$ 400 mil num espaço de 20 m², com obras que levaram 4 meses para serem finalizadas

Já em 2019 a cervejaria chamou atenção mais uma vez ao transformar um cômodo no andar superior da casa num quarto alugado via Airbnb para dois hóspedes – um dos seus diferenciais é dispor de uma torneira de chope na qual é possível se servir por meio de um cartão pré-pago.

No último domingo Júnior declarou ao programa Pequenas Empresas & Grandes Negócios que a cervejaria estuda transformar o conceito da Casa Avós em franquias para reproduzir o negócio em outras partes do país.

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“A gente tem o plano de expansão da distribuidora, de sair de São Paulo. E também temos um plano que está sendo formatado de franquia. A gente conseguir transformar a ideia de ter a cervejaria, de ter o conceito da casa de vó com um quarto em outras cidades também”, explica Júnior.

Conceito agrega valor a cerveja Avós

Com uma comunicação descomplicada a ideia de marca da Avós inicialmente soou estranha até mesmo para o próprio fundador, quando propuseram que homenageasse suas avós na cervejaria que iria inaugurar.

“Eu tinha um caderno de memórias que escrevi após o falecimento de uma das minhas avós e minha esposa deu uma ideia de fazer um paralelo da personalidade da cerveja com a personalidade da avó. Eu achei a ideia horrível…” declarou Júnior ao canal do youtube GEEKS’N’BEER .

A agência de publicidade que trabalhou com Júnior, que também é publicitário de formação, pediu para desenvolver a ideia que acabou sendo abraçada ao final, se transformando num potencial de apelo singelo e divertido com o público.

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A cerveja Avós se tornou um brinde a celebração do encontro da família segundo seu fundador, e esta celebração do encontro familiar é o que é comunicado ao público que visita a Casa Avós. Aconchego, descontração e celebração podem ser palavras associadas ao ambiente que naturalmente foi evoluindo conforme o contato com seu público.

Esse potencial de criação orgânica entre produtor e público consumidor é uma das razões de sucesso das microcervejarias. Elas devolvem uma dimensão humana a um produto que milenarmente já se comprovou como meio de encontro e celebração social para o ser humano. A cerveja artesanal é formada de receitas e histórias que precisam ser contadas para atingir o público.

Fica o desafio para a Avós de manter e difundir esse conceito, que traduz a sua cerveja num produto rico de significados, no formato de expansão através de franquias, onde certamente terão de trabalhar especificidades regionais nos novos estabelecimentos.

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Sobre o autor

Felipe Freitas é engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação Tecnológica pela EQ/UFRJ e analista do mercado de cervejas.