Desde 2016 a Toast Brewing, chamada anteriormente de Toast Ale, norteou a recém inagurada microcervejaria de Londres na Inglaterra por um objetivo diferenciado, que era combater as enormes quantidades de despedício de pão geradas por fábricas e supermercados através da produção de cerveja
O objetivo acabou por reviver, numa versão contemporânea, um tipo de cerveja ancestral produzida na Mesopotâmia que utilizava como fonte de açúcar um ingrediente chamado “pão de cerveja” e criar um negócio que tem avançado e se desenvolvido ao longo dos anos.
Milênios depois dos povos da Mesopotâmia o ativista ambiental Tristram Stuart, e a especialista em sustentabilidade Louisa Ziane decidiram fazer cerveja com pão desperdiçado com o objetivo de começar uma cervejaria sustentável.
Globalmente, estima-se que 900.000 toneladas de pão industrializado vão parar no lixo todos os anos – ou seja, 24 milhões de fatias de pão todos os dias. Stuart teve noção da escala deste desperdício em 2013, numa visita a uma fábrica de sanduíches que fornecia sanduíches embaladas a um supermercado do Reino Unido.
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Havia uma grande caçamba do lado de fora da indústria cheia de fatias de pão. A empresa estimou que houvesse 13 mil fatias na caçamba, esses pedaços de pão eram descartados porque não eram perfeitamente quadradas.
Pouco depois numa visita à Bélgica, o futuro sócio da Toast provou uma cerveja à base de pão no Brussels Beer Project, o que inspirou Stuart a transformar pão desperdiçado em cerveja.
O lançamento da Toast em 2016 foi muito bem recebido, aproveitando o entusiamo do crescimento do cenário da cerveja artesanal na Inglaterra ocorrido no período. A cervejaria chegou a inspirar outras pelo mundo, inclusive no Brasil, a aproveitar pão desperdiçado para produção de cerveja de forma, a grande maioria de forma ocasional.
Utilizar pão como ingrediente na produção de cerveja traz seus desafios e consequentes necessidades de adaptação.
As versões das cervejas com pão ancestrais provavelmente eram um pouco amargas e possivelmente se pareciam mais como um mingau alcoólico.
A produção da Toast Brewing precisou se adaptar neste sentido para produzir cerveja com pão com tecnologia contemporânea, isso incluiu a utilização de uma trituradora industrial para esfarelar as fatias de pão e também de cascas de arroz para evitar que o pão se transformasse numa esponja impenetrável nos tanques da cervejaria.
A receita utilizada pela Toast substitui 25% de grãos de cereais por pão. Ao fazê-lo, substitui 25% do carbono, da água e da terra necessários para o cultivo deste grão, compartilhando do cereal utilizado para a produção do pão.
O modelo de economia circular da cervejaria, que é regenerativo por natureza, reduz a necessidade de cevada ao utilizar pão que de outra forma seria desperdiçado. Esta prática foi projetada para usar menos terra, água e energia e evitar emissões de carbono, utilizando o poder de assoaição entre indústrias de forma colaborativa.
Em 2022 a Toast Brewing conseguiu 2 milhões de libras de investidores qualificados para escalar o trabalho da cervejaria na prevenção de desperdício de pão com pesquisa que permita que mais cervejarias usem sobras de pão reduzindo o impacto ambiental de seus negócios.
Os investidores incluíram National Geographic Society e a Heineken International.
A Heineken declarou na época que a empresa os desenvolvimentos da Toast podem ajudar a empresa nas suas metas de se tornar uma empresa net zero em emissões até 2040.
No início de 2024 a Toast Brewing passou por uma renovação de sua identidade visual e trocou seu nome que anteriormente era Toast Ale
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Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.