O mês de junho marca um período de mobilização por respeito e direitos da comunidade LGBTQIA+ que termina em 28 de junho o Dia internacional do Orgulho LGBTQIA+. Este ano as ações promovidas neste sentido ganharam o reforço no meio cervejeiro com uma iniciativa concebida pela cervejaria artesanal Octopus.
O Brewing Love Project nasce com o objetivo de colaborar na promoção de debate sobre os desafios, injustiças e agressões sofridas pelas pessoas LGBT+. O projeto convida todas as cervejarias a produzirem uma receita sob o rótulo da iniciativa, destinando asvendas para instituições que contribuam para o combate a homofobia.
Iniciativas de cunho social capitaneados por microcervejarias se tornaram comuns principalmente no mercado de cerveja artesanal norte-americano com dezenas de ações que demonstraram a capacidades de impacto que ações em rede promovidas pelas milhares de microcervejarias localizadas nos EUA , que hoje são mais de 8 mil, são capazes de alcançar.
O ambiente estruturalmente construído ao redor de uma cultura machista, presente no meio cervejeiro, tem buscado ser descontruído com objetivo de se criar um meio que promova diversidade e inclusão através de ações sistemáticas de associações do segmento nos Estados Unidos, o que ajudará a categoria a continuar sua rota de crescimento.
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“No meio cervejeiro ainda há um longo caminho de empatia e respeito para trilharmos. No entanto, queremos mostrar que estamos aqui para sermos resistência e suporte. Seguiremos combatendo o preconceito, a homofobia, a transfobia e a bifobia, disponibilizando espaço para discussão e inclusão sobre esse tema.” comunicou a Octopus na página destinada a promover o Brewing Love Project.
O projeto poderá incluir a participação de qualquer pessoa ou cervejaria, sem restrição. Todos tem a liberdade para desenvolver a receita de cerveja do estilo de sua preferência, sendo inclusive incentivada uma grande diversidade de receitas neste projeto, a Octopus criou disponibilizou gratuitamente um rótulo único que estabeleça a identidade da campanha.
É sugerido ainda que cada cervejaria participante destine parte do valor das vendas da sua cerveja para instituições que promovam o acolhimento, proteção e inclusão de LGBT+. Pelo menos 20 cervejarias já estão produzindo novas receitas de cerveja para a iniciativa. Todos os detalhes de como participar do projeto estão descritos no seu site. “Nossa intenção é de criarmos um movimento colorido, plural e agregador que reforça a diversidade abraça a singularidade.”
As marcas que já aderiram ao movimento além da Octopus incluem Ambev, Unicorn, além de Bernargriê Brewing Co., Capa Preta Cervejaria, Captain Brew, Dádiva, Escafandrista, Everbrew, Japas Cervejaria, KSB, Libertária, Mesopotâmia, MinduBier, Prussia Beer, Salvador, Sigilo Total, Spartacus, Suméria, Suricato Ales, Tarin Cervejaria, Under Tap, Verace e Espaço 09.
“Entendemos que o mais importante do projeto é abrir e garantir espaço para debater questões que atravessam a experiência de ser LGBTQIA+ no Brasil. Nosso objetivo é unir o maior número de cervejarias ao Brewing Love Project, criando um movimento colorido, plural e agregador, que reforça a diversidade e abraça a singularidade”, explica Walter Costa, designer do projeto visual da campanha e analista de marketing da Cervejaria Octopus, que deu início ao movimento.
“Para nós, a importância da representatividade no mundo cervejeiro com a comunidade LGBTQIA+ é que, neste mercado predominantemente heteronormativo, é preciso romper barreiras para que consigamos criar um ambiente e um futuro inclusivo, mostrar para todos a importância de enxergar consumidores e profissionais como semelhantes. Existe um valor significativo de se posicionar, cada vez mais. Esperamos que cada pessoa que virá na sequência do que estamos fazendo aqui neste projeto sinta que estamos num ambiente muito mais diverso”, conta Marjorie Inoue, coordenadora de produção da Cervejaria Unicorn.
Para a Ambev, esse é um movimento essencial. “Essa iniciativa mostra que o mercado cervejeiro, embora tenha um longo caminho a percorrer, está aberto para todas as pessoas que desejam fazer parte dele. O respeito deve sempre prevalecer”, afirma Paula Guedes, Mestre-Cervejeira e Gerente de Consumer Science da Ambev, além de integrante do Lager, grupo de diversidade da companhia, que desde 2016 discute as melhores práticas em ações de inclusão no trabalho.
A expectativa é que até o final de junho as primeiras cervejas envasadas já sejam disponibilizadas aos consumidores por canais de venda online de cada cervejaria e pontos de venda espalhados pelo país. O projeto é atemporal e estará disponível para participação de toda comunidade cervejeira ao decorrer do ano, para que mais interessados possam ingressar nessa iniciativa. Espera-se, assim, que o número de participantes só cresça nos próximos meses. Detalhes sobre onde encontrá-las e ONGs ou movimentos que serão beneficiados podem ser encontrados pelo site da Cervejaria Octopus e redes sociais das marcas participantes.
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Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.