Coca-Cola dobra aposta em cervejas e passa a produzir a cerveja paraense Cerpa

A Coca-Cola Andina iniciou a produção da cerveja Cerpa, reforçando sua aposta no mercado alcoólico e ampliando a rivalidade com a Heineken no Brasil.

A Coca-Cola Andina deu início à produção da cerveja Cerpa em suas unidades, marcando um novo capítulo na trajetória da tradicional marca paraense. Fundada em 1966, em Belém, a Cerpa se consolidou como uma das principais cervejarias regionais do país, reconhecida por rótulos como Cerpa Export, Cerpa Premium e Tijuca.

A Cerpa já vinha sendo distribuída nos últimos meses pelo sistema Coca-Cola, o que indica que a etapa inicial de logística pode ter funcionado como um teste de receptividade do produto nos mercados atendidos pela engarrafadora. A decisão de avançar agora para a produção direta sugere um movimento calculado de verticalização, que amplia a capacidade de resposta e rentabilidade para ambas as empresas.

Dentro da acirrada disputa do mercado de cervejas premium, a Cerpa carrega atributos que podem ser valiosos para a Coca-Cola. A marca combina tradição regional forte, especialmente no Norte do Brasil, com um posicionamento de qualidade superior, reforçado por rótulos como a Cerpa Export e a Cerpa Premium, que possuem boa aceitação entre consumidores de maior poder aquisitivo.

Essa imagem de cerveja diferenciada e com origem brasileira pode ajudar a Coca-Cola a diversificar seu portfólio, equilibrando marcas internacionais de apelo global com uma bandeira nacional de valor histórico.


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Esse passo se encaixa na estratégia global da Coca-Cola de fortalecer seu portfólio alcoólico, especialmente no Brasil. A companhia já é responsável pela distribuição da espanhola Estrella Galicia e da marca mexicana Sol, pertencente à Heineken, além de deter a marca Theresópolis, única marca própria de cerveja do sistema Coca-Cola no mundo.

Fora da categoria de cervejas, a multinacional também tem explorado segmentos como vinhos prontos para beber, drinks enlatados como a linha Schweppes e destilados misturados a refrigerantes como Jack and Coke, testando diferentes formatos de entrada no mercado de alcoólicos.

Em todos os casos, a grande força da companhia continua sendo seu poder altamente capilarizado de distribuição, que permite alcançar pontos de venda em escala incomparável no Brasil, o que agora será traduzida em alavancar o portfólio da Cerpa.

Produção e distribuição de Cerpa pode alimentar disputa judicial com a Heineken

O movimento, entretanto, tende a gerar reações no mercado. O Globo aponta que a Heineken deve questionar a iniciativa, já que mantém contrato de distribuição com a Coca-Cola para a marca Sol.

Esse embate se soma a um histórico recente de disputas judiciais entre as duas companhias, que nos últimos anos já travaram batalhas legais em torno de contratos e estratégias comerciais. A disputa reflete um cenário cada vez mais competitivo, em que grandes players globais e regionais buscam espaço em um mercado de cervejas que, embora maduro, segue disputado por diferenciação de portfólio e alcance de distribuição.

O início da produção da Cerpa pela Coca-Cola Andina não apenas reforça a presença da marca paraense em escala nacional, como também sinaliza a consolidação da estratégia da Coca-Cola de se posicionar com força no segmento alcoólico, explorando sinergias entre produção própria, parcerias estratégicas e sua robusta rede de distribuição.

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Sobre o autor

Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.