O Grupo Petrópolis, fabricante das cervejas Itaipava, Black Princess e Petra acessou um financiamento de R$ 328 milhões junto ao Banco Original, controlado pela J&F Participações de propriedade dos irmãos Batista, donos da multinacional JBS.
O financiamento foi realizado através de uma modalidade chamada DIP – “debtor-in-possession” (devedor em posse, em tradução literal do inglês) que foi classificada como imprescindível pela justiça para continuidade da operação do Grupo Petrópolis.
Esta operação financeira foi realizada na virada do ano pelo Grupo Petrópolis e revelada agora através de publicação do Valor.
Outras revelações em publicação do O Globo, especulam sobre a possibilidade da holding dos irmãos Batista adquirir metade do Grupo Petrópolis, o que poderia gerar um impacto relevante no mercado de cerveja brasileiro.
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O Grupo Petrópolis é a única empresa entre as 3 grandes do mercado cervejeiro brasileiro que é formada por capital 100% nacional, pertencendo ao empresário Walter Faria.
De fato, enquanto durar a crise pela qual passa o Grupo Petrópolis a possibilidade da aquisição da companhia por algum outro player será alta como uma possível resolução do quadro em que se encontra o negócio.
O aumento de faturamento recente do Grupo Petrópolis foi insuficiente para saldar débitos vigentes relativos ao plano de recuperação judicial em curso pelo qual passa a empresa.
Ao longo de 2024 a Petrópolis se destacou com o crescimento de seu market-share e com o aumento em vendas de sua marca premium Petra através da utilização de uma estratégia de precificação agressiva.
O financiamento recente acessado pela Petrópolis junto ao Banco Original será utilizado de forma a garantir liquidez das operações da cervejaria.
Os R$ 328 milhões servirão para a aquisição de malte e maltose, matérias-primas de processos cervejeiro. A falta de caixa momentânea se deu por conta da necessidade de saldar outro débito em vencimento da empresa.
O financiamento realizado é imprescindível para que a empresa em recuperação realize a captação de novos recursos para manter a continuidade dos seus negócios, a oxigenação do seu caixa e a realização de novos investimentos na operação, como reconhecido pela administração judicial conjunta de acordo com a juíza responsável pelo processo.
O Grupo Petrópolis possui uma capacidade instalada de 55,4 milhões de hectolitros de bebidas distribuídos por 8 fábricas no país, sendo que sua queda em vendas fez com que produzisse apenas 24,1 milhões de hectolitros em 2022 uma utilização de 43% de sua capacidade.
A maior e mais moderna unidade do grupo foi inaugurada em Uberaba em Minas Gerais em 2020, com capacidade de produção de cerca de 12 milhões de hectolitros.
O market-share atual do Grupo Petrópolis se encontra em cerca de 12% e a meta da empresa é que ele chegue a 15%
Este cenário adverso fez com que a Petrópolis fosse aprovado para um processo de Recuperação Judicial em 2022 buscando renegociar dívidas e prazos da empresa.
Para o avançar em seu programa de Recuperação Judicial a Petrópolis tem o desafio de ampliar seu faturamento ao mesmo tempo em que vai saldando débitos acordados e oferece garantias para instituições financeiras que lhe oferecem empréstimos.
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Sobre o autor
Felipe Freitas é analista do mercado de cerveja, engenheiro químico, mestre em Gestão da Inovação pela UFRJ. Fundador e editor do portal Catalisi.